A viagem de Aécio ao interior paulista - na sexta-feira, ele passou por Ribeirão Preto - foi a primeira etapa de um giro que o senador fará pelo Brasil para consolidar seu nome como candidato ao Planalto. Prefeitos tucanos, deputados estaduais e federais e integrantes do governo Geraldo Alckmin, como o secretário José Aníbal (Energia), acompanharam o mineiro.
A ausência mais sentida foi a do próprio Alckmin. O governador era esperado pela comitiva, mas decidiu não encontrar o senador para não "melindrar" Serra, segundo pessoas próximas. Aécio minimizou a ausência do governador, alegando que "não tinha previsão" sobre a companhia de Alckmin.
No périplo por Barretos, Aécio aproveitou para criticar o governo federal e disse ser "natural" a recuperação da avaliação da gestão Dilma mostrada ontem pela pesquisa Ibope/Estado. Ao visitar o Hospital Infantojuvenil Luiz Inácio Lula da Silva, vinculado ao Hospital do Câncer de Barretos, o senador disse que o programa Mais Médicos seria "tapar o sol com a peneira" (leia mais na pág. A21).
Enquanto Aécio roda o interior de São Paulo, Serra tenta neutralizar o apoio que o senador tem na cúpula do PSDB recorrendo à militância do partido. Escolhido candidato a presidente da República, a governador e a prefeito mais de uma vez em acordos realizados no primeiro escalão do tucanato, o ex-governador agora aposta no que seus aliados chamam de "massa" de filiados para eventuais prévias da sigla.
A estratégia que Serra tem explicado a seus apoiadores é mobilizar os filiados de Estados-chave, como São Paulo, para constranger a cúpula partidária mais próxima de Aécio na direção nacional e nos demais diretórios estaduais. Para o ex-governador esse seria o caminho para reverter o favoritismo do senador, já lançado como nome do PSDB ao Planalto pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.
Esse caminho, porém, tem percalços, e não são poucos. Primeiro, a cúpula do PSDB não está disposta a resolver de forma emergencial a bagunça que é o cadastro de militantes. Embora sejam registrados mais de 1,3 milhão, não se sabe ao certo quantos são os filiados de fato.
Em segundo lugar, a direção do PSDB considera que a realização de prévias é um problema interno do partido, que não deve consumir energias no momento em que a legenda tenta conquistar novos filiados a tempo de tornar vários deles candidatos nas eleições de 2014.
Depois de ter dito na terça-feira que aceita as prévias pedidas por Serra, na condição de que só sejam feitas depois de outubro, Aécio orientou aos dirigentes estaduais a "tocar a vida".