Jornal Estado de Minas

Começa em BH julgamento da Chacina de Unaí

Os três pistoleiros acusados de matar quatros fiscais do Ministério do Trabalho estão sendo julgados quase dez anos depois dos assassinatos

Manifestantes de entidades ligadas à auditoria fiscal e trabalhista protestaram na porta da Justiça Federal, onde acontece o julgamento da Chacina de Unaí - Foto: Leandro Couri/Em/D.A Press
Quase dez anos depois do crime, começou na manhã desta terça-feira,  na sede da Justiça Federal, em Belo Horizonte, o julgamento dos réus da Chacina de Unaí, conforme ficou conhecido o crime de repercussão internacional que resultou na morte de quatro servidores do Ministério do Trabalho, mortos por pistoleiros durante fiscalização trabalhista em janeiro de 2004 naquela cidade do Norte de Minas. No banco dos réus, Rogério Alan Rocha Rios, William Gomes de Miranda e Erinaldo de Vasconcelos Silva, acusados de executar os assassinatos.
Os três acusadosde matar os quatro fiscais estão presos desde 2004, em Contagem, na Região Metropolitana, quando o crime foi esclarecido pela Polícia Federal. de acordo com as investigações, eles teriam agido a mando dos irmãos Antério Mânica – que administrou Unaí por oito anos (2005-2012) – e Norberto Mânica, fazendeiro conhecido como rei do feijão.

Protesto

Na manhã desta terça-feira, na porta da Justiça Federal, localizado na avenida Álvares Cabral,  na Região Centro-Sul da capital, em torno de 30 pessoa, lideradas por representantes da Associação dos Auditores Fiscais do Trabalho de Minas e da Associação Nacional dos Auditores Fsicais da Receita Federal do Brasil, protestavam com cartazes, pedindo justiça.

Mandantes do crime

Os irmãos Norberto e Antério Mânica, acusados de serem os mandantes da Chacina de Unaí, já esperam uma pena mais leve, antes mesmo de irem a julgamento. A juíza da 9ª Vara Criminal da Justiça Federal de Belo Horizonte, Raquel Vasconcelos Alves de Lima, decretou a prescrição de dois crimes imputados aos irmãos em razão da demora da Justiça em concluir o processo.

Depois de inúmeros recursos que chegaram até o Supremo Tribunal Federal (STF), o fazendeiro Norberto Mânica e seu irmão, o político Antério,  se livraram da acusação de frustar, mediante violência, direito assegurado pela legislação trabalhista. Noberto ainda se beneficiou com a prescrição de outro crime: opor-se à execução de ato legal, uma vez que sua fazenda era alvo de fiscalização dos três auditores executados. Eles ainda respondem por homicídio triplamente qualificado.

A prescrição chega às vésperas de a Chacina de Unaí completar uma década. Desde o ocorrido, em janeiro de 2004, servidores do Ministério do Trabalho têm feito manifestações pelo fim da impunidade a cada aniversário do crime. Ainda não foi marcado o julgamento dos irmãos acusados de mandar executar os aassassinatos. (Com informações de Maria Clara Prates e Leonardo Augusto)