O governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), avaliou que as críticas feitas a empresários, nesta segunda-feira, 26, em evento em São Paulo, sobre o modo de comando da presidente Dilma Rousseff, principalmente após a onda de protestos iniciada em junho, já haviam sido colocadas anteriormente. "Eu não mudei de opinião e nem elevei o tom. Coloquei o tom que sempre coloquei para vocês", disse a jornalistas. "A gente sempre fica com a sensação que poderia ter sido melhor, poderia ter outros gestos que não foram construídos na oportunidade".
Campos, avaliou na tarde desta terça-feira, 27, que falta debate político no País sobre alternativas para a crise econômica global. De acordo com ele, essa ausência de discussão está colocando o Brasil na contramão do mundo desenvolvido.
"Até os Estados Unidos, que foi o centro do terremoto econômico (de 2008) já dá sinais de que está saindo da paralisia e da recessão. E na hora que o mundo dá sinais de melhora, nós damos sinais de piora. Precisamos melhorar o debate político no Brasil um debate que vá além das candidaturas e além dos partidos", avaliou.
Para Campos, parte dessa falta de debate é consequência do que ele chamou de "empobrecimento" do debate das eleições de 2010. As declarações foram dadas pelo governador de Pernambuco durante entrevista para o Programa do Ratinho, no SBT, que será exibido na noite desta terça-feira.
Roger Pinto
Em Santos, o governador de Pernambuco fez uma defesa enfática da ação do diplomata Eduardo Saboia, em trazer para o Brasil, sem autorização do governo, o senador boliviano Roger Pinto, oposicionista do presidente Evo Morales. Campos comparou o caso ao do seu avô, Miguel Arraes, que, assim, como Roger Pinto, precisou se refugiar em uma embaixada após ser perseguido politicamente durante a ditadura militar brasileira.
Em um tom emocionado, o governador contou que há 48 anos Arraes, mesmo com um habeas corpus concedido pelo ministro do Supremo Evandro Lins e Silva, ainda foi chamado "em interrogatórios intermináveis pela ditadura", entrou na clandestinidade e dias depois se refugiou na embaixada da Argélia, em Santa Teresa, no Rio de Janeiro.
Campos afirmou ainda que o episódio não deve atrapalhar a relação entre Brasil e Bolívia. "A relação não deve ser prejudicada pela fuga de senador", frisou, evitando comentar a decisão da presidente Dilma Rousseff de demitir o ministro Antonio Patriota após o caso. "Decisão de nomear e demitir ministro cabe à Presidência da República".