A Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional da Câmara dos Deputados aprovou nesta quarta-feira um convite para que o novo ministro das Relações Exteriores, Luiz Alberto Figueiredo Machado, que tomou posse nesta manhã, explique ao Parlamento os termos da contratação de médicos cubanos para o Programa Mais Médicos. O novo chanceler, assim como o ministro da Defesa, Celso Amorim, terão de esclarecer também à Comissão o imbróglio envolvendo a fuga do senador boliviano Roger Pinto Molina para o Brasil.
Além dos ministros, os deputados querem ouvir o diretor-geral da Polícia Federal, Leandro Daiello, e o diplomata brasileiro em La Paz, Eduardo Saboia. Os parlamentares querem conhecer os detalhes das condições em que Molina viveu na Embaixada Brasileira na Bolívia e as circunstâncias da vinda para o Brasil. O senador chegou ao Brasil clandestinamente no sábado, 24, após 15 meses asilado na embaixada em La Paz. Nesta quarta-feira, o presidente da Bolívia, Evo Morales, pediu que o Brasil entregue o senador opositor Roger Pinto às autoridades bolivianas.
OPAS
No requerimento sobre a contratação de profissionais de saúde cubanos, os membros da Comissão apontam a necessidade de acesso ao termo de cooperação com a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS). A oposição questiona a forma de pagamento dos cubanos, que receberão apenas parte dos R$ 10 mil oferecidos pelo governo brasileiro, uma vez que os recursos são destinados diretamente ao governo cubano.
O requerimento sobre os médicos cubanos foi apresentado pelos deputados Fábio Souto e Claudio Cajado, ambos do DEM da Bahia. Nesta terça-feira, 27, o líder do partido na Câmara, Ronaldo Caiado (GO), criticou a falta de acesso ao contrato. "A Opas se transformou no novo navio negreiro do século 21. Estão usando a Opas para fazer esse contrabando de médicos cubanos ao Brasil", acusou.
David Miranda
Os deputados também aprovaram convite para ouvir o embaixador britânico no Brasil, Alexander Ellis, sobre a detenção do brasileiro David Miranda no aeroporto de Heatrow, em Londres. David é o companheiro do correspondente do jornal "The Guardian" Glenn Greenwald e foi interrogado durante nove horas por autoridades britânicas no dia 18. Se aceitar o convite, o diplomata inglês será recebido em reunião fechada com os parlamentares.