Ao chegar, Donadon demonstrou desenvoltura e teve o apoio declarado de colegas. O principal cabo eleitoral foi Sérgio Moraes (PTB-RS), que pediu pessoalmente votos contra a cassação do amigo – em 2009, ele declarou: “Estou me lixando para a opinião pública”. Na hora de discursar em sua defesa, o parlamentar conquistou mais aliados ao dar detalhes sobre a prisão em que está há dois meses.
“Justo hoje acabou a água enquanto eu tomava banho e estava ensaboado. Tenho sofrido muito, é desumano o que um prisioneiro passa”, comentou. Donadon disse que enfrenta dificuldades financeiras desde que a Câmara suspendeu o pagamento de seus direitos como deputado, em julho. Na lateral do plenário, a mulher e os filhos dele, entre crises de choro, tiravam fotografias.
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Preso, Donadon não pode reassumir mandato, diz AlvesCâmara livra Donadon de cassação; Alves afasta deputadoDonadon reclama da comida no presídioCâmara inicia votação de cassação de DonadonDonadon diz foi condenado para 'atender às vozes da rua'"É preciso cortar na carne", avalia deputado sobre mudanças no CongressoEros Grau reprova decisão do Congresso sobre DonadonMinistros do Supremo criticam absolvição de Donadon na CâmaraManutenção de mandato de Donadon não desgasta o parlamento, diz RenanCâmara cumpriu papel dela, diz Carmen Lúcia sobre DonadonA votação começou por volta das 20h30. Os votos foram nominais e secretos. Para Donadon perder o mandato, eram necessários pelo menos 257 votos a favor do parecer da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), que pedia a saída do parlamentar. Ao ver que o quórum estava baixo, o presidente da Câmara decidiu esperar até as 23h para que os faltosos aparecessem. Já no fim do prazo, quando o número de votos não aumentava havia mais de uma hora, Henrique Alves já se mostrava pessimista.
“Há um receio por causa das abstenções”, comentou. Sem poder esperar mais, ele anunciou o resultado: 233 votos pela cassação, 131 para absolver Donadon e 41 abstenções. Fez toda a diferença a ausência de 107 parlamentares (sem contar a do próprio deputado, que não votou) em uma das noites mais importantes para o Congresso desde que as ruas foram tomadas pela população. O resultado irritou os poucos deputados que ainda estavam no plenário. “A Câmara vai pagar esse preço, o povo brasileiro está observando essa cena”, lamentou Ivan Valente (PSOL-RJ).
Mudança Ao anunciar o resultado, Henrique Alves afirmou que “a representação da Câmara não pode permanecer desfalcada indefinidamente, assim como a sociedade e o estado de Rondônia não podem ficar privados de um de seus representantes”. Visivelmente irritado, o presidente decidiu que não colocará em votação nenhum processo de cassação até que seja aprovada a proposta de emenda à Constituição (PEC) que torna aberto todo voto para esses casos. O texto está sendo analisado em comissão especial e deve ir para o plenário até 24 de setembro.
Anunciado o resultado, Donadon ajoelhou-se no chão e fez uma prece de agradecimento. Em seguida, foi escoltado para o camburão que o havia trazido e, algemado, retornou para o Presídio da Papuda.