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Segundo Erinaldo, Alan participou diretamente das execuções, enquanto Miranda tinha a função de pegar a dupla para fugir após as execuções. Erinaldo disse que convidou a dupla para participar do crime após receber a proposta de Francisco Pinheiro. "Chico disse que havia uma pessoa "dando trabalho" e queria que matasse. Eles sabiam", disse o réu, ao ser questionado se William e Alan tinha conhecimento de que o convite era para cometer assassinatos, pelos quais, de acordo com o motorista, receberam cerca de R$ 50 mil.
Contou também que o alvo era Nelson, mas, como o fiscal trabalhava acompanhado dos colegas, foi orientado por Chico Pinheiro a matar todos. "Se você não encontrar ele sozinho, mata todo mundo", teria dito o agenciador. "A gente ficou com medo. Nunca tinha feito isso. Matar uma pessoa e encontrar um monte de gente no carro", disse, em meio a um princípio de choro, único momento do depoimento em abandonou a frieza com que fez todo o relato.
Durante as investigações, Erinaldo já havia assumidos as mortes, mas alegou que foi um latrocínio - roubo seguido de morte. Nesta quinta, porém, afirmou que fez a confissão por ter recebido proposta de Norberto para "assumir sozinho" o crime. "Recebi uma proposta dentro da cadeia, do Norberto. A gente ficava no mesmo pavilhão (da Penitenciária Nelson Hungria, em Contagem, na região metropolitana de Belo Horizonte). Falou para eu assumir sozinho. Em primeiro momento, me daria R$ 100 mil para eu assumir o crime em juízo. Quando chegou aqui (na Justiça Federal) ele aumentou. O valor de um caminhão com três anos de uso", disse, avaliando em cerca de R$ 300 mil a proposta.
Alan Rocha também confessou em depoimento à Polícia Federal sua participação nos assassinatos, mas seu advogado, Sérgio Moutinho, afirmou que ele foi "coagido" e negaria o crime em depoimento. Até o meio da noite desta quinta Erinaldo era ouvido e a oitiva de Alan não havia iniciado. A magistrada também não havia se pronunciado sobre o pedido de delação premiada. "A chance desses três se livrarem é zero. E o que estamos fazendo aqui (júri) também faz parte da construção do julgamento dos outros acusados", observou o procurador da República Vladimir Aras.