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Réu confessa participação na chacina de UnaíInformante acusa fazendeiro como mandante de Chacina de UnaíPassado de crimes complica réus da Chacina de UnaíComeça em BH julgamento da Chacina de UnaíDefesa de réu da chacina de Unaí desqualifica Polícia Federal Julgamento dos acusados de comandar Chacina de Unaí é adiadoPara ministra, atraso para julgar Chacina de Unaí "já é impunidade"Acusados de chacina em Unaí devem ter 1ª sentença hojeApesar da confissão detalhada, Erinaldo não se conteve e chorou ao relatar a ordem que recebeu para executar todos os que estivessem acompanhando o auditor fiscal Nelson da Silva, que seria o verdadeiro alvo do fazendeiro, em razão das inúmeras multas aplicadas contra Mânica por descumprimento da legislação trabalhista. “Mata todo mundo”, foi a ordem que ele disse ter recebido do intermediário do fazendeiro, José Alberto de Castro, o Zezinho, que negociou sua contratação. No dia do crime, Nelson estava acompanhado dos colegas João Batista Lages e Eratóstenes de Almeida Gonçalves. O grupo era conduzido pelo motorista Ailton Pereira de Oliveira.
O pistoleiro afirmou também que, apesar de não ter tido contato direto com Norberto até a prisão, em julho de 2004, apenas 20 dias depois da chacina, ele recebeu proposta de intermediários do fazendeiro para fazer nova execução, desta vez, no Paraná. “Ele disse que queria matar uns irmãos que lhe deram um prejuízo financeiro em um negócio. Não aceitei, porque já estava arrependido das mortes que aconteceram em Unaí.” Antes de encerrar o depoimento, Erinaldo se levantou e pediu perdão aos familiares das vítimas que estavam na plateia. “Eu estou arrependido. Peço perdão. Mas se fosse eu não perdoaria, porque tenho filhos e sei que os deles nunca mais terão pai”, disse, em desabafo entrecortado pelo choro.
Entre os que assistiam ao julgamento estavam dois filhos do político Antério Mânica, apontado como outro mandante das execuções. Contrastando com a tristeza e revolta das viúvas Helba Soares da Silva e Maria Inês Lima de Laia, eles comemoraram quando Erinaldo disse que não teve contato com Antério antes do crime, o que foi interpretado como uma declaração de inocência do político. Hugo Pimenta, outro réu confesso, também evitou comentar a participação de Antério, alegando que falaria em outra oportunidade. A tentativa de blindar o irmão de Noberto está causando apreensão às viúvas, que não têm dúvida de seu envolvimento.
Ao contrário do outro acusado, o réu Rogério Alan negou qualquer participação no crime, em depoimento que começou às 21h55. Durante 45 minutos, ele respondeu apenas a perguntas da juíza Raquel Vasconcelos Alves de Lima e de seu advogado, reservando-se o direito de ficar calado diante dos questionamentos da acusação. O acusado alegou que foi obrigado a confessar o crime mediante tortura, desde o dia em que foi preso. Ele se disse inocente, afirmou que nunca nem esteve em Unaí e justificou um registro em seu nome em hotel da cidade dizendo que seus documentos foram usados por outra pessoa.
O último depoimento da noite foi de William Gomes, que só respondeu a perguntas de seu advogado. Ele negou também participação no crime. Hoje terão início os debates entre a acusação e defesa, com previsão de término da sessão na madrugada de sábado. (Com Landercy Hemerson)