Belo Horizonte - Recomeçou na manhã desta sexta-feira o julgamento de três acusados dos assassinatos de quatro servidores do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). Depois de mais de nove anos, há expectativa de que as primeiras sentenças relativas ao crime, ocorrido em janeiro de 2004 e conhecido como Chacina de Unaí, sejam conhecidas ainda na noite desta sexta-feira ou no início da madrugada deste sábado.
Os debates foram iniciados pelo procurador da República Vladimir Aras, que afirmou haver no processo provas "claras como a luz do dia" de que os três participaram do crime. "Inclusive os dois que negaram", disse, em relação a Rogério Alan e William. Erinaldo confessou sua participação na chacina em depoimento na noite da última quinta-feira (29).
Aras salientou também que o julgamento é contra a "humilhação" o "descaso com os semelhantes" e comparou os acusados aos "três mosqueteiros, mas não a serviço de um rei bom". E lembrou o histórico discurso de Martin Luther King, que acaba de completar 50 anos. "I have a dream. Era o sonho de que um dia as filhas dele, negras, pudessem andar de mãos dadas com outras crianças brancas. Essa escravidão, essa divisão ainda é presente exatamente aqui", disparou.
Lembrou também um e-mail enviado pelo advogado Sério Moutinho, defensor de Rogério Alan, a um deputado federal, no qual o advogado denuncia que "irmãos mais humildes estão presos há nove anos e os mandantes soltos" e que há "toda sorte de privilégios aos ricos" e "todo o rigor da lei ao réu pobre". "Quem paga é quem controla. Quem recebe é mandado, mas isso não os isenta de culpa", ressaltou o procurador.
A acusação terá duas horas e meia para fazer sua exposição oral, mesmo tempo destinado à defesa na sequência. Os debates inda podem incluir mais duas horas para cada parte como réplica e tréplica antes de os sete jurados decidirem se os réus são ou não culpados dos assassinatos.
Além do trio, são acusados do crime o fazendeiro Norberto Mânica, um dos maiores produtores rurais do País, Hugo Alves Pimenta, José Alberto de Castro, e um irmão de Norberto, o também fazendeiro e ex-prefeito de Unaí Antério Mânica. Os três primeiros serão julgados a partir de 17 de setembro e o júri de Antério ainda não tem data definida para ocorrer.