Bem-humorado na tarde desta sexta-feira, 30, depois de receber o Prêmio José Alencar de Ética da Associação Comercial do Rio de Janeiro, na categoria gestão pública, o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Joaquim Barbosa, não quis explicar as razões que o levaram a pedir aumento salarial para os ministros da mais alta corte do País. Em vez disso, preferiu contar uma história sobre a remuneração milionária de seus pares em Cingapura.
Leia Mais
Barbosa pede aumento do salário do STF para R$ 30 milJustiça Eleitoral manda tirar site de Joaquim Barbosa do ar"Perguntei para ele (o ministro da Justiça): `É verdade que um juiz da Corte Suprema de Cingapura ganha US$ 1,5 milhão?'. A resposta dele: `Não, é bem mais. O presidente (da Corte Suprema) ganha US$ 2 milhões, os ministros ganham US$ 1,5 milhão'", relatou Joaquim Barbosa aos jornalistas. "Fiquem com essa história. Ela é verdadeira", encerrou.
"Isso é ético?", perguntou um repórter a Barbosa. O presidente do STF respondeu: "Não estou dizendo que nós aqui no Brasil devamos ganhar US$ 1,5 milhão. Só contei uma história, que é verdadeira". O ministrou confundiu-se quanto à data do encontro com o ministro de Cingapura: disse que aconteceu em janeiro deste ano, mas foi no dia 5 de abril. O encontro foi noticiado no site do Supremo na internet.
O chefe do Judiciário encaminhou na última quinta-feira à Câmara projeto de lei que aumenta o salário dos ministro do Supremo de R$ 28.059,29 para R$ 30.658,42. A justificativa foi de que era necessário compensar as perdas sofridas com a inflação. O pleito de Joaquim Barbosa é um reajuste de 4,06% sobre o salário que vai vigorar a partir de janeiro de 2014, de R$ 29.462,25. No fim do ano passado, o Congresso aprovou aumento de 15,8% para os ministros do STF, escalonado em três anos.
Nesta sexta-feira, porém, o presidente do STF não quis falar no assunto. Barbosa argumentou que já tinha respondido a muitas perguntas e evitou o tema do aumento salarial. "Sobre salário, eu não queria falar não". Em seguida, perguntou ao assessor de imprensa, Wellington Geraldo Silva: "Posso contar a história da Alemanha?" Começou, então, a falar sobre os salários astronômicos dos integrantes da Suprema Corte de Cingapura.
No caminho até o carro oficial, o relator do processo do mensalão posou para fotos e deu autógrafos.