Brasília – A 7ª Cúpula da União de Nações Sul-Americanas (Unasul) acabou se transformando em pano de fundo para o encontro de desagravo da presidente Dilma Rousseff com seu colega da Bolívia, Evo Morales, depois do incidente diplomático motivado pela fuga do senador boliviano Roger Pinto Molina para o Brasil. Antes de se encontrar com Dilma, Evo já havia dado declarações amenizando a crise e acusando “grupos” de tentarem colocá-lo contra a chefe de Estado brasileira. Numa manifestação de que as relações entre os dois não azederam, ele presenteou a brasileira com dois bonecos típicos da Bolívia.
Evo Morales quer que o Brasil extradite Roger Pinto, que está em território brasileiro em uma situação juridicamente precária. Isso porque, ao deixar a embaixada brasileira em La Paz, o senador perdeu o asilo diplomático que havia conseguido em 2012. Agora, ele precisa conseguir um asilo territorial, para permanecer no país. O presidente boliviano disse que seu governo enviará ao Brasil os processos sobre os supostos crimes de seu opositor.
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Ainda de acordo com Figueiredo, o pedido de refúgio do senador será analisado pelo Conselho Nacional de Refugiados (Conare). Ele informou que o pedido de extradição de Roger Pinto ainda não foi formalizado pela Bolívia e, quando isso acontecer, terá que passar pelo crivo do Supremo Tribunal Federal (STF).
Viagem O senador Roger Pinto Molina decidiu sair de Brasília neste fim de semana. Ele viajou para a fazenda de um amigo, sem informar a localização, para evitar assédio. Antes, o político boliviano passou por exames de avaliação médica, física e psicológica, segundo informações do advogado dele, Fernando Tibúrcio Peña. Ele disse que a maior preocupação do senador, no momento, é reencontrar a família. A mulher e a filha estão em Brasilândia, na fronteira do Brasil com a Bolívia. O encontro deve acontecer na semana que vem.
Paraguai Além de conversar com Morales, a presidente mediou a primeira reunião entre os presidentes da Venezuela, Nicolás Maduro, e do Paraguai, Horácio Cartes. Opositor da entrada da Venezuela no bloco, o Paraguai foi suspenso do Mercosul depois que os demais países entenderam que a deposição do então presidente paraguaio, Fernando Lugo, há 14 meses, não seguiu ritos democráticos. A reunião da Unasul, em Paramaribo, marcou o retorno dos paraguaios ao bloco. (Colaborou Vinicius Doria)