Com a expectativa de ver o processo de criação do Solidariedade concluído pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) até o próximo dia 10, o deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP) tenta atrair para seu futuro partido o governador do Ceará, Cid Gomes, que está descontente no PSB.
“Há essa conversa com o Cid, que vem acompanhando a criação do partido. Ele mostrou interesse em vir ou indicar alguém”, disse o deputado federal Marcos Medrado (PDT-BA) - um dos parlamentares que se preparam para desembarcar no Solidariedade.
A criação do novo partido também é acompanhada de perto por caciques tucanos, que querem levar o Solidariedade para a órbita da provável candidatura do presidente do PSDB, senador Aécio Neves (MG), à Presidência em 2014. Esse tema foi tratado em reunião realizada na semana passada entre um pequeno grupo do PSDB e Paulinho.
A investida em Cid Gomes também está no radar dos tucanos, uma vez que ela poderá abrir uma brecha para ampliar uma reaproximação de Aécio com o governador cearense e o irmão e ex-ministro Ciro Gomes.
Cid tem feito críticas ao projeto presidencial do governador de Pernambuco, Eduardo Campos, presidente do PSB. O cearense já se manifestou a favor da reeleição da presidente Dilma Rousseff. Na semana passada, reagiu à articulação pré-eleitoral de Campos com Aécio. “Linha auxiliar do PSDB. Será este o papel do PSB em 2014?”, escreveu no seu Twitter.
Perdas. Se, por um lado, o PSDB faz os cálculos de possíveis ganhos com a criação do Solidariedade, por outro, partidos da base aliada do governo podem ser os principais alvos de debandadas de parlamentares.
Apesar de a “infidelidade” não ser tratada de forma aberta entre os deputados, o PDT, por exemplo, já trabalha com a possibilidade de perder além de Paulinho da Força e de Marcos Medrado outros dois parlamentares: Sebastião Bala Rocha (AP) e João Dado (SP). No PSD, Ademir Camilo (MG) sinalizou internamente o interesse em migrar para o Solidariedade.
Os números podem, entretanto, ampliar. Um almoço realizado em Brasília na última quarta-feira, 28, pelo advogado do partido, Tiago Cedraz, contou com a participação, segundo alguns dos presentes, de cerca de 30 deputados federais. Tiago é filho do vice-presidente do Tribunal de Contas da União (TCU), ministro Aroldo Cedraz, e é cotado para assumir o posto de secretário-geral da nova legenda.
O Solidariedade pediu o registro no TSE em junho. Atualmente, o processo de criação do novo partido encontra-se nas mãos do Ministério Público Eleitoral, que deve encaminhá-lo ainda esta semana para o ministro relator Henrique Neves. Caso não seja detectado pelo pelo órgão nenhum problema na documentação, o processo deve ser encaminhado para votação no plenário do tribunal.