Jornal Estado de Minas

Ministério Público Federal adia palestra de presidente da Siemens sobre ética

A Siemens é acusada de protagonizar escândalo do cartel metroferroviário para fraudar licitações do setor

Agência Estado
São Paulo - O Ministério Público Federal cancelou a palestra sobre “ética Empresarial e Compliance” que o presidente da Siemens, engenheiro Paulo Stark, iria realizar na próxima sexta-feira (6), na sede da Procuradoria-Geral da República, em Brasília. O recuo se deu em meio a uma sucessão de manifestações contrárias de procuradores que protestaram contra o convite ao empresário porque a Siemens protagoniza escândalo do cartel metroferroviário - seis ex-executivos da multinacional alemã e a própria Siemens fecharam acordo de leniência para revelar fraudes em licitações do setor.
O convite a Stark fora feito pelo subprocurador-geral da República Antônio Fonseca, coordenador da 3.ª Câmara de Coordenação e Revisão do MPF, unidade que se dedica ao consumidor e à ordem econômica. A palestra seria a portas fechadas para o público e imprensa. Até a rede alemã Deutsche Welle (DW) divulgou reportagem sobre o descontentamento e “mal estar” entre procuradores.

Nessa segunda-feira,  Fonseca divulgou “nota de esclarecimento” no site da PGR, assumindo responsabilidade pelo convite, mas o “adiamento” da fala de Stark só informou para o público interno. “O convite foi para falar sobre a política privada de incentivo à delação, conhecida como ‘ética e compliance’, adotada pela empresa (Siemens) em 2007, aplicada para frente e para trás, no mundo todo. Graças a essa política foi possível abrir processo contra o chamado cartel do metrô de São Paulo.”

Fonseca - que fará a palestra, no lugar de Stark - tem sugestão para “salvar o Brasil” dos malfeitos. “Comprometido com a promoção das boas práticas, o coordenador da 3.ª Câmara está convencido de que, para resolver os problemas de propina e corrupção, precisamos que 100 grandes empresas delatem as mazelas da economia brasileira. Nesse sentido, a Siemens pode ser considerada um exemplo que deve ser seguido. Delatar não santifica o delator, mas salva o Brasil”, disse na nota.

O subprocurador diz que “respeita aqueles que não concordam” com a sua visão, mas continuará no esforço de “levar adiante a política da Câmara que lidera de, pelas boas práticas, devolver à sociedade uma economia com mais integridade, capaz de atrair investimentos limpos”.