O senador boliviano Roger Pinto Molina decidiu não comparecer à audiência pública em que seria ouvido pela Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado da Câmara dos Deputados. O advogado Fernando Tibúrcio, que defende Molina no Brasil, disse que "fatores de ordem conjuntural" levaram o senador a adiar a ida à comissão. Nota lida por Tibúrcio diz que esses fatores serão oportunamente esclarecidos e que Molina tem "profundo respeito" pelos parlamentares brasileiros e está à disposição do Congresso Nacional.
Por orientação do advogado, o senador passou os últimos dois dias em uma fazenda no interior de Goiás para evitar a politização do caso. Tibúrcio informou que, nos próximos dias, dará entrevista coletiva sobre o caso na Seccional da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) do Distrito Federal ou de Goiás.
O presidente da Comissão de Segurança Pública da Câmara, Otávio Leite (PSDB-RJ), acatou o adiamento e disse que Molina poderá falar aos deputados "quando for de sua conveniência". Leite ressaltou que o senador boliviano está sob pressão e abalado. "Tive oportunidade de estar, até bem pouco tempo, com o senador Molina. Ele continua muito abalado, muito preocupado e querendo que o caso dele seja examinado em definitivo pelo governo brasileiro."
Otávio Leite informou que também convidou o diplomata Eduardo Sabóia para falar aos deputados. "[Ele] agradeceu muito e aguarda o momento oportuno", disse o parlamentar. Para ele, a vida do senador Roger Pinto Molina, que faz oposição ao presidente Evo Morales, estará em risco caso ele seja extraditado para a Bolívia. De acordo com Otávio Leite, a Comissão de Segurança quer ouvir Molina sobre questões ligadas narcotráfico.
Em entrevista hoje no Senado, o deputado boliviano Adrian Oliva pediu que o Brasil e a Bolívia trabalhem para restabelecer as boas relações diplomáticas, abaladas desde a chegada de Roger Pinto Molina ao país. Oliva disse que os países não devem colocar ideologias ou interesses pessoais à frente da agenda bilateral. Ele é o atual líder da oposição no Legislativo boliviano, posto antes ocupado por Molina.
"[O senador] Pinto Molina tem de seguir com os trâmites no Brasil para manter sua situação de refugiado. Superado o impasse, as boas relações entre Bolívia e Brasil poderão ser retomadas", afirmou Oliva. O deputado lembrou que o Brasil é o principal parceiro comercial da Bolívia. Os países têm cerca de 3 quilômetros de fronteira em comum.