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Estado de Minas

Dilma leva crise da espionagem aos Brics

Grupo se reunirá à margem do encontro do G20, na Rússia. No Senado, CPI é instalada e decide requerer proteção para jornalista que divulgou denúncias contra os EUA


postado em 04/09/2013 06:00 / atualizado em 04/09/2013 07:45

Pedro Taques foi eleito vice-presidente da CPI, Vanessa Grazziotin é a presidente e Ricardo Ferraço, o relator(foto: Lia de Paula/Agência Senado)
Pedro Taques foi eleito vice-presidente da CPI, Vanessa Grazziotin é a presidente e Ricardo Ferraço, o relator (foto: Lia de Paula/Agência Senado)
Brasília – A presidente Dilma Rousseff chegou ontem à Rússia, onde participará da reunião de cúpula do G20, disposta a discutir com outros líderes as denúncias de espionagem norte-americana sobre o governo brasileiro e a obter apoio para ações conjuntas em resposta aos Estados Unidos. Além do ministro da Fazenda, Guido Mantega, acompanha a presidente em São Petersburgo o chanceler Luís Alberto Figueiredo, que anteontem reforçou a disposição do país em buscar parcerias contra o rastreamento de comunicações com governos de países desenvolvidos e com os parceiros do Brics —Rússia, Índia, China e África do Sul. No começo da tarde de amanhã, antes da abertura oficial da cúpula, os governantes do Brics terão um encontro paralelo, no qual o tema deve ser colocado por Dilma.

As revelações sobre a interceptação de comunicações entre a presidente e auxiliares próximos, feita no domingo ao Fantástico, provocaram dura reação do governo, que exigiu de Washington uma "resposta satisfatória", formal e por escrito, ainda nesta semana. A visita de Estado que Dilma deve fazer aos EUA em outubro foi colocada em suspenso por fontes do Planalto, mas ontem o vice-presidente Michel Temer disse acreditar que uma solução diplomática será encontrada em tempo. "A presidente terá discernimento suficiente para decidir se deve ir ou não ir", afirmou. O ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, ressaltou o "embaraço" causado pelo incidente, mas também apostou em um acordo que permita manter a viagem de Dilma.

Rússia e China, que também foram alvo de espionagem, de acordo com documentos vazados pelo ex-analista de inteligência Edward Snowden, podem se juntar ao Brasil em um debate mais amplo. Uma reportagem publicada no fim de semana pelo jornal The Washigton Post revelou que os EUA conduziram 231 ciberataques contra China, Rússia e Coreia do Norte apenas em 2011. Antes de receber asilo de um ano na Rússia, onde está desde 23 de junho, Snowden havia fugido para Hong Kong, na China, onde as autoridades não aceitaram o pedido americano de que ele fosse extraditado e permitiram que embarcasse para Moscou.

Em reuniões paralelas que manterão a partir de hoje, os chanceleres de vários dos países presentes ao G20 devem abordar também temas como a guerra da Síria. Um porta-voz francês informou que o chanceler Laurent Fabius planeja discutir a crise síria com representantes dos EUA, do Brasil, da China, da Rússia e da Turquia. O Itamaraty confirmou que está prevista uma reunião de Fabius com o ministro Figueiredo, em momento a ser definido.

CPI

Em Brasília, o Senado instalou ontem uma Comissão Parlamentar de Inquérito sobre a espionagem americana, presidida por Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) e com Ricardo Ferraço (PMDB-ES) como relator. Nos primeiros minutos de trabalho, a CPI aprovou o envio de requerimento à Polícia Federal para que o jornalista Glenn Greenwald, que publicou as primeiras denúncias baseadas no vazamento de Snowden, e seu namorado, David Miranda, detido por nove horas no aeroporto de Londres, há 15 dias, recebam proteção da Polícia Federal enquanto durarem as investigações. O prazo original é de 180 dias, prorrogáveis por mais 180.

Ferraço disse estar em contato com Greenwald e afirmou que a iniciativa de solicitar proteção foi tomada em acordo com o jornalista. "Precisamos desenvolver ações para esclarecer, dar a mais absoluta transparência em torno desses atos, que alcançaram níveis de intolerância", defendeu o relator. Os ministros Paulo Bernardo (Comunicações), Celso Amorim (Defesa) e José Eduardo Cardozo (Justiça) podem ser convidados a prestar esclarecimentos na comissão. Um requerimento deve ser votado na próxima sessão, marcada para terça-feira. (Colaborou Karla Correia)


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