Jornal Estado de Minas

Pouco desfile, muitos protestos e dezenas de prisões no 7 de Setembro em BH

Depois de uma manhã com desfile militar e protestos pacíficos, o Dia da Independência acaba em confronto na Praça da Liberdade e com quebra-quebra, tiros e bombas

Daniel Camargos, Felipe Canêdo, Francelle Marzano, Flávia Ayer e Landercy Hemerson
- Foto: João Miranda/Esp. EM/D.A Press
O Dia da Independência em Belo Horizonte começou com um desfile militar morno, esquentou com a passagem sem tumultos do Grito dos Excluídos e desandou de vez com confrontos entre a Polícia Militar e manifestantes, a maioria jovens, que acabaram com pelo menos 60 detidos e quatro feridos, além de bombas, tiros e quebradeira em uma agência bancária na Praça Raul Soares. O tumulto teve origem na Praça da Liberdade, quando um dos manifestantes foi preso ao tirar a roupa e fazer "bundalelê" (mostrar as nádegas em público) em frente ao relógio que marca a contagem regressiva para a Copa do Mundo.

Veja as fotos dos protestos em Belo Horizonte

O auge da confusão, entretanto, foi na Avenida Amazonas, em frente à 3ª Área Integrada de Segurança Pública (Aisp), no Barro Preto, na Região Centro-Sul, para onde foram levados os detidos. Cerca de 150 manifestantes foram para a porta da delegacia pedir a liberação dos companheiros. O estopim ocorreu quando integrantes do Black Bloc, grupo que atua na linha de frente dos confrontos, fecharam a Rua Timbiras. Os policiais tentaram conter a ação, detiveram 11 pessoas e, quando os demais manifestantes corriam para o local da abordagem, o confronto começou.

 

Houve disparo de tiros de borracha e bombas de gás lacrimogêneo e efeito moral. Quatro pessoas ficaram feridas, sendo um fotógrafo e uma turista. Vários jovens correram em direção à Praça Raul Soares e o Centro da cidade. Quatro pessoas foram presas ao quebrar a vidraça de uma agência bancária na praça.

Confira as imagens dos protestos pelo Brasil

 

Cerca de 20 jovens foram detidos, entre eles o professor Leonardo Martins, levado com ferimento para o Pronto-Socorro João XXIII. "Fomos alvo de tiros de borracha desnecessariamente. Houve abuso da polícia", disse. Não foi só em BH que o clima ficou quente. Três meses depois da onda de manifestações de junho, as principais cidades do Brasil reviveram cenas de protesto. No Rio e em São Paulo, houve quebra-quebra e confrontos entre policiais e manifestantes. Em Brasília, onde foi realizado o jogo do Brasil contra a Austrália, os black blocs provocaram quebradeiras em prédios e dezenas de pessoas foram detidas.