Jornal Estado de Minas

Grito dos Excluídos reune mais e 300 pessoas em feriado na capital mineira

Sindicalistas, religiosos e ativistas de diversas áreas fizeram passeata pacífica pelas ruas do Centro da capital mineira, mas movimento foi menor que o realizado há três meses

Daniel Camargos Felipe Canêdo Francelle Marzano
Centenas de pessoas com bandeiras e cartazes saíram em passeata no Grito dos Excluídos em Belo Horizonte, que terminou de forma pacífica na Praça 7 - Foto: João Miranda/Esp/EM/DA Press
O tradicional Grito dos Excluídos reuniu cerca de 350 pessoas, durante a manhã, embaixo do Viaduto Santa Tereza, no Centro. Na 19ª edição nacional do evento, o tema escolhido foi juventude, mas diversas outras bandeiras foram empunhadas pelos manifestantes. Além de membros de pastorais, ativistas que defendem direito a moradia, sindicalistas e feministas engrossaram o coro da passeata, que terminou de forma pacífica na Praça Sete.

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Segundo o bispo dom Luiz Gonzaga Fechio, da Arquidiocese de Belo Horizonte, o evento representa a convicção de que a Igreja deve defender valores. "Jesus veio em favor dos excluídos e lutou por mudança social. O Grito dos Excluídos luta por isso", disse ele. A militante Laísa Campos, de 21 anos, afirmou que um dos pontos principais defendidos pelas pastorais da Juventude é a manutenção da maioridade penal.

A deputada federal Jô Moraes (PCdoB) esteve presente defendendo valores feministas e comentou: "Depois das revelações sobre espionagem dos Estados Unidos, achei que mais gente se manifestaria sobre isso no feriado de 7 de setembro". Leonardo Péricles, de 32 anos, ativista do Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas(MLB), contou que estava presente para defender a regularização de ocupações no Barreiro e na Pampulha e o direito a moradia para todos.

Na Praça Sete, o vendedor Fabrizzio Zampier, do movimento Brasil a Limpo, protestava contra corrupção e pela participação popular nos governos. Presente em todos os protestos que aconteceram em junho, Fabrizzio acredita que os manifestantes perderam o foco, por isso a praça estava vazia. "Tivemos poucos resultados. Eu ainda acredito que muita coisa pode mudar, por isso estou aqui, mas não há mais tantas pessoas, a maioria perdeu o foco", acredita. Ainda de acordo com Fabrizzio, muitos manifestantes podem ter desistido de participar do ato por não ter acesso fácil ao local. "Estava tudo fechado. Nem carro nem ônibus chegavam aqui", lamenta.

Aproveitando o dia da Independência para celebrar também o Dia Nacional da Luta da Defensoria, a Associação dos Defensores Públicos de Minas Gerais (Adep) protestou na Praça Sete. Com uma faixa nas mãos, os defensores tentavam chamar atenção, levantando questões como a falta de profissionais em 72% das cidades brasileiras. De acordo com o presidente da Adep, Eduardo Cavaliere, a categoria ainda luta contra a falta de estrutura e a aprovação da PEC 247/2013, a chamada PEC das Comarcas, que visa a aumentar o número de defensores públicos para responder à efetiva demanda das comarcas. "Não temos um orçamento suficiente para implementar a defesa em todas as cidades. Hoje, existe um juiz para julgar, o promotor para acusar, mas o defensor público está sumido", explica.

QUEIXA Na Praça da Liberdade, um manifestante levantou a polêmica de que mulheres estavam sendo revistadas por policiais homens. O coronel André Luiz afirmou que o procedimento não aconteceu, que todas as pessoas detidas foram revistadas por policiais do mesmo sexo. Ele alegou ainda que se houve qualquer procedimento que não seja adotado como padrão pela Polícia Militar os responsáveis serão investigados e punidos.