Jornal Estado de Minas

Após queda nas pesquisas, Dilma quer se mostrar mais próxima da população

Vale passeio na praça em BH, rolé de moto por Brasília e até menção ao ET de Varginha

Isabella Souto
Na visita à capital mineira no mês passado, presidente Dilma quebrou o protocolo e deu um rápido passeio pela Praça da Liberdade - Foto: Juarez Rodrigues/EM/DA Press - 27/8/2013
A presidente Dilma Rousseff (PT) parece mesmo determinada a mudar a imagem sisuda que ela adquiriu nos primeiros anos de mandato. Nos últimos dois meses está com uma postura mais popular, a ponto de uma de suas principais aliadas, a ministra de Relações Institucionais, Ideli Salvatti (PT), afirmar recentemente que a petista está "Dilminha paz e amor" . A nova Dilma faz parte de uma estratégia de sua equipe de marketing  liderada por João Santana  para reverter a queda nos índices de popularidade, especialmente depois das manifestações que pararam o país em junho e dos números negativos na economia.


Desde o mês passado a presidente aumentou o número de viagens pelo país %u2013 foram 10 visitas aos estados de Minas Gerais, São Paulo e Rio Grande do Sul, contra quatro roteiros em julho e apenas dois em junho. Somente no estado onde nasceu ela visitou Varginha, São João del-Rei e Belo Horizonte. Na capital mineira, seguindo o script do marqueteiro, quebrou o protocolo ao "passear" pela Praça da Liberdade  cartão -postal de Belo Horizonte - onde contou ter dado os primeiros passos com pouco mais de um ano de idade.

Acompanhada dos ministros Aloízio Mercadante (Educação) e Marta Suplicy (Cultura), foi até o coreto, mostrou o Edifício Niemeyer - onde vivia a avó de Aécio Neves, Risoleta " e comentou sobre a lanchonete Xodó, ponto de encontro de namorados na sua adolescência. Durante os minutos que ficou na praça, a presidente conversou com integrantes do Movimento em Defesa da Serra Gandarela que carregavam uma faixa gigante onde se lia: "Olhe bem as montanhas. Estão acabando".

Minutos mais tarde, em discurso durante a inauguração do Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), na antiga sede da Secretaria de Segurança Pública, a presidente disse que voltar à Praça da Liberdade foi um momento de reacender as memórias de sua infância e juventude e agradeceu seus seguranças por terem permitido a "fuga".

Dribles na segurança, como o passeio na praça, têm sido constantes. Recentemente o Planalto deixou "vazar" à imprensa um passeio de moto da presidente pelas ruas da capital do país. "Coloquei o capacete e saí andando de moto pelas ruas de Brasília", teria dito ela ao ministro das Minas e Energia, Edison Lobão (PMDB), responsável pela revelação à imprensa. A presidente até achou que havia conseguido enganar o general Marcos Antônio Amaro, chefe da segurança Presidencial. Mas foi surpreendida pelo militar, ao ser informada que uma equipe a havia seguido de longe. Ninguém ficou sabendo a data nem quem pilotava a moto, já que a presidente não tem carteira de habilitação.

RÁDIOS A imprensa tem recebido uma atenção especial de Dilma. Desde agosto a petista voltou a uma velha prática que até então estava engavetada: a concessão de entrevistas a rádios das cidades que visita. A primeira delas foi em Varginha, onde foi inaugurar câmpus da Universidade Federal de Lavras. Durante quase 20 minutos, uma Dilma descontraída falou à Rádio Vanguarda FM, e arranjou um tempo até para falar do mascote local: o famoso ET. "Queria dizer que tenho muito respeito pelo ET de Varginha. E eu sei que aqui quem não viu conhece alguém que viu, ou tem alguém na família que viu. Mas, de qualquer jeito, eu começo dizendo que esse respeito pelo ET de Varginha está garantido, brincou a presidente, lembrando o caso da suposta aparição do extraterrestre no início dos anos 1990 e que tornou a cidade conhecida mundialmente, ao responder uma pergunta sobre produção de café.

Em Belo Horizonte, estava tudo pronto para entrevistas a duas rádios  voltadas para o público católico e evangélico  mas um atraso na agenda em razão da crise no Ministério das Relações Exteriores, causada pela fuga do senador boliviano Pinto Molina ao Brasil, fez com que elas fossem adiadas. No dia seguinte, porém, a presidente reservou a primeira hora da sua agenda para atender as rádios logo cedo, por telefone.

CARINHO O esporte também tem tido espaço reservado no gabinete presidencial. Na semana passada, depois de uma agenda marcada por reuniões de emergência para discutir denúncias de espionagem ao país feita pela Agência de Segurança Nacional dos Estados Unidos, Dilma recebeu a Seleção Brasileira de Futebol em uma homenagem pela vitória na Copa das Confederações - encerrada em julho e cujos jogos do Brasil foram marcados por manifestações populares. A presidente recebeu a taça do capitão do time, Thiago Silva, e precisou da ajuda dele para carregá-la. Ela é muito pesada, justificou. O encontro seria logo depois da competição, mas uma forte gripe e a mobilização nacional levaram ao seu adiamento.

No mês passado, a presidente recebeu a delegação dos atletas paraolímpicos que disputaram o Mundial de Atletismo de Lyon %u2013 encerrado no final de julho. Em discurso, ressaltou a determinação e superação dos atletas diante de limitações físicas, ultrapassando as expectativas ao ficar em terceiro lugar no quadro geral de medalhas, atrás dos Estados Unidos e Rússia. "Cada brasileiro e cada brasileira olha para vocês com carinho, admiração, respeito e também como um padrão de comportamento e de desempenho", discursou Dilma.