Jornal Estado de Minas

Fraudes em licitações de prefeituras tinham ramificações por mais quatro ministérios

Além do Ministério do Trabalho, IMDC mantinha contratos no Desenvolvimento Agrário, Turismo, Cultura e Cidades

Leandro Kleber
Mandados de busca e apreensão foram cumpridos na sede do IMDC, no bairro Funcionários, em Belo Horizonte - Foto: Leandro Curi/EM/D.A PressAlvo da Operação Esopo, da Polícia Federal (PF), o Instituto Mundial do Desenvolvimento e da Cidadania (IMDC) mantém contratos com outras pastas na Esplanada, além de ser contemplado com recursos do devassado Ministério do Trabalho. A entidade presidida por Deivson Oliveira Vidal, preso ontem por agentes federais, recebeu pelo menos R$ 12,8 milhões de quatro órgãos em Brasília: Desenvolvimento Agrário, Turismo, Cultura e Cidades. O instituto solicita verba para prestar diferentes tipos de serviços, que incluem desde elaboração de planos de marketing até apoio a eventos artísticos. Em 2007, por exemplo, chegou a receber R$ 300 mil para apoiar o projeto Pop Rock Brasil e R$ 400 mil para o Axé Brasil 2008. O Ministério do Turismo aprovou parcialmente uma prestação de contas do IMDC relativa à execução da festa Juninão de Arcos e solicitou a devolução de R$ 11 mil (valor que ainda será corrigido).
A entidade capta também recursos de órgãos estaduais. Em 25 de julho deste ano, a Oscip assinou uma parceria no valor de R$ 27 milhões com a Agência de Desenvolvimento das Micro e Pequenas Empresas e do Empreendedorismo (Aderes), do governo do Espírito Santo. O IMDC será responsável por construir 10.634 cisternas de placas nos municípios do semiárido capixaba e regiões em processo de desertificação no estado até maio do próximo ano. Em janeiro de 2011, o Estado de Minas mostrou que o instituto recebeu R$ 6,6 milhões do Ministério do Desenvolvimento Social, sem passar por licitação, para entregar 4,5 mil cisternas em 55 municípios do Vale do Jequitinhonha, em Minas Gerais. Porém, um ano depois, não havia finalizado sequer 50% do previsto, fato criticado em auditorias internas do ministério. Até o fechamento desta edição, os ministério não haviam enviado informações sobre os contratos com o IMDC.

Empresário afirma que atividades eram lícitas


O advogado Deivson Oliveira Vidal, presidente do Instituto Mundial de Desenvolvimento e Cidadania (IMDC), Sérgio Leonardo, disse que vai entrar nesta terça-feira com um pedido de relaxamento da prisão do empresário, detido desde ontem na Penitenciária Nelson Hungria, em Contagem, Região Metropolitana de Belo Horizonte. Segundo ele, não há motivos para Deivson permanecer detido, pois a Operação Esopo já foi concluída e seu cliente cooperou com a Polícia Federal (PF).

De acordo com Sérgio Leonardo, o empresário foi preso pela Polícia Federal quando estava em sua casa. “Durante a prisão ele não ofereceu nenhuma resistência e prestou todas as informações solicitadas pelos agentes”, assegurou ele. O advogado afirmou que durante seu depoimento Deivson respondeu mais de 100 perguntas e reafirmou a “licitude” de todas as atividades do IMDC.

Os bens apreendidos do empresário ainda não foram relacionados pela PF. Sérgio Leonardo pretende conferir hoje a decisão da Justiça para verificar a legalidade das apreensões. (Alessandra Mello)