Jornal Estado de Minas

Batalha de comissões na Assembleia após atuação da PM no 7 de setembro

Requerimentos com pedidos opostos foram aprovados nos dois últimos dias

Isabella Souto
A atuação da Polícia Militar nas manifestações do feriado de 7 de setembro – que culminou na prisão de 15 jovens – levou a uma guerra interna na Assembleia Legislativa. Requerimentos com pedidos opostos foram aprovados nos dois últimos dias pelas comissões de Direitos Humanos e de Segurança Pública. Enquanto o primeiro grupo defendeu a libertação dos detidos e questionou um suposto abuso policial, o segundo não só aplaudiu a PM como também requereu o envio ao Tribunal de Justiça de um pedido de providências para a manutenção da prisão preventiva dos ativistas.
Na segunda-feira pela manhã, os integrantes da Comissão de Direitos Humanos receberam familiares dos presos, que reclamaram de repressão por parte dos militares e uma criminalização dos movimentos sociais. Diante dos depoimentos, o presidente da CDH, deputado Durval Ângelo (PT), anunciou a apresentação de um requerimento, ontem, para o envio de um ofício ao TJMG para que seja concedido habeas corpus aos detidos. “São presos políticos. A prisão é ilegal”, disse o parlamentar, horas antes de a Justiça libertar os manifestantes ao julgar um pedido formulado pelos seus advogados. O petista afirmou ainda que solicitará o envio de notas taquigráficas da reunião para os órgãos públicos para que sejam tomadas as “providências devidas”. Havia sido aprovada também uma visita da comissão aos presos, se possível com o acompanhamento dos familiares.

Na reunião da Comissão de Segurança Pública, nessa terça-feira pela manhã, o discurso foi bem diferente. Ex-PM, o deputado Sargento Rodrigues (PDT) conseguiu aprovar no grupo um requerimento para a formulação de um voto de congratulações com aplauso e apoio à Polícia Militar por sua atuação “eficiente e condizente com a democracia e o direito” nas manifestações.

Também de autoria do parlamentar, foi aprovado requerimento para que o presidente do TJ, desembargador Joaquim Herculano, tomasse providências para que os manifestantes continuassem presos por terem praticado “atos criminosos e de vandalismo” nas comemorações da Independência do Brasil.

Mais tarde, as divergências foram parar no plenário. Enquanto Durval Ângelo ressaltou as críticas à suposta truculência dos militares, Sargento Rodrigues destacou mais uma vez a atuação da corporação. “Não dá para conviver em um estado onde as pessoas não têm respeito pelas autoridades. Só quem vive em um conto de fadas acha que a PM vai prender alguém sem exercer a força física. Você não vai enfrentar bola de sinuca, estilingue e coquetel molotov sem colete e cacetete”, afirmou.