Poucas horas depois de o Conselho de Ética da Câmara ter aprovado a suspensão do seu mandato por três meses, o deputado federal Carlos Alberto Leréia (PSDB-GO) informou nesta quarta-feira, 11, por meio de nota, que entrará com recurso na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) contra a decisão. Leréia diz, na nota, que a decisão foi "contrária às provas que constam nos autos" e que entrará com o recurso no "momento oportuno".
Mais cedo, por 13 votos a 3, os parlamentares do Conselho de Ética votaram pela suspensão temporária do mandato do tucano, acusado de participar no esquema do contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira. O relator do caso, deputado Sérgio Brito (PSD-BA), considerou "censurável" a amizade de Leréia com Cachoeira, "notoriamente conhecido no Estado de Goiás pelo envolvimento com o jogo ilegal". Ele acrescentou que várias ligações telefônicas do tucano com o contraventor revelaram uma "evidente relação de intimidade que pôs em dúvida a lisura dos atos do parlamentar e a seriedade do próprio Parlamento". A punição decidida pelo Conselho é bem mais branda daquela proposta pelo antigo relator, Ronaldo Benedet (PMDB-SC), que havia pedido a cassação do mandato. Seu parecer, no entanto, foi derrotado em 21 de agosto.
O resultado da votação no Conselho de Ética precisará ainda ser referendado pelo Plenário da Câmara dos Deputados. Como o caso é inédito, as consequências práticas que a suspensão vai acarretar são incertas. Ainda não se sabe, por exemplo, se o tucano também deixará de receber o salário e a cota parlamentar às quais tem direito como parlamentar.