O resultado parcial a favor dos embargos infringentes na sessão de ontem do Supremo Tribunal Federal (STF) no julgamento de réus do mensalão foi avaliado por juristas como uma decisão que prioriza o cuidado com cada etapa do processo da Ação Penal 470. A sessão de ontem terminou com quatro votos pela aceitação dos embargos e dois contra. Mesmo com a decisão em aberto – cinco ministros apresentam seus votos na sessão de hoje –, juristas ouvidos pelo Estado de Minas consideram que a validação de uma nova etapa do julgamento atende as possibilidades de defesa previstas na lei. Eles apontam também que, caso se confirme a continuidade do processo, o resultado final continua imprevisível.
O ex-presidente do STF Carlos Mário Velloso também destaca o rigor com a ordem processual como principal motivo para a admissão dos embargos e considera que será um acerto do tribunal se a decisão favorável do primeiro dia se consolidar na sessão de hoje. “Não tenho dúvidas de que esses embargos são cabíveis. O Supremo estará decidindo em conformidade com o processo legal, uma vez que essta é uma garantia constitucional de qualquer cidadão”, afirma Velloso.
Os embargos infringentes permitirão nova análise das provas apresentadas no processo e podem mudar o as condenações. Eles devem ser apresentados depois da publicação dos embargos de declaração, que contestam possíveis omissões e contradições no julgamento, etapa que foi concluída na semana passada. Ainda faltam os votos dos ministros Cármen Lúcia, Ricardo Lewandowski, Gilmar Mendes, Marco Aurélio Mello e Celso de Mello. “O que cada um está avaliando nesta etapa é se o recurso é cabível ou não. Mas as definições sobre as próximas etapas, se confirmadas, serão uma outra situação, que cada ministro vai avaliar”, diz Velloso.