O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), afirmou nesta quinta-feira, 12, que o senador tucano Aécio Neves (MG) "pode" contar com o apoio do diretório paulista da legenda à sua possível candidatura presidencial em 2014. O mineiro, chamado de "irmão e amigo", disputa com o ex-governador José Serra a indicação do partido para a corrida presidencial. Alckmin evitou dar sua chancela pessoal ao nome do senador, mas fez diversos elogios a Aécio, que comparou com o ex-presidente Juscelino Kubitschek, e disse que "o Brasil continua contando com Minas".
O governador paulista foi o orador oficial da cerimônia de entrega da Medalha Presidente Juscelino Kubitschek realizada em Diamantina, no Vale do Jequitinhonha mineiro, onde nasceu o político que dá nome à comenda. Essa é a segunda maior homenagem concedida pelo governo mineiro e Alckmin foi o primeiro tucano ligado a Serra a recebê-la nos 12 anos de gestão do PSDB no Estado. A cerimônia começou com quase uma hora de atraso porque, apesar de o paulista e o governador de Minas, o também tucano Antonio Anastasia, já estarem no local, o evento só teve início após a chegada de Aécio.
Em seu discurso de pouco mais de nove minutos, Alckmin comparou várias vezes o senador a JK, mas em todas as falas fazia questão de acrescentar também Anastasia. Para o paulista, os dois "personificam com exatidão o cerne do legado" do ex-presidente. "JK tinha as mesmas prioridades que vejo com tanta nitidez nos dois exemplos públicos aqui presentes. Carregava nas mãos o presente dos brasileiros, guardava na cabeça o futuro do Brasil. Nisso, o Brasil continua contando com Minas, uma usina de planejadores", ressaltou. "Por perceberem a complexidade da natureza humana, os planejadores de Minas são também exímios conciliadores", acrescentou Alckmin em seu discurso.
Mas, questionado duas vezes sobre se as declarações significam seu apoio direto a Aécio na disputa interna com Serra, o governador foi evasivo, deu respostas genéricas e disse apenas que "o Aécio Neves é um homem preparado para grandes desafios. É uma vocação política e um grande governante". Apenas quando o próprio Aécio foi perguntado se poderia dizer que contava com o apoio do PSDB de São Paulo Alckmin foi incisivo. "Pode", disse o paulista antes que Aécio respondesse.
O mineiro, por sua vez, considerou um "privilégio" a presença de Alckmin no evento e observou que "em todos os momentos cruciais da vida nacional São Paulo e Minas Gerais estiveram juntos". "Não estamos ainda falando de candidaturas. Mas não tenho dúvida de que o sentimento de São Paulo é o mesmo de Minas, por mudanças", salientou.
Pé do ouvido
Geraldo Alckmin chegou à cerimônia acompanhado do presidente da Assembleia Legislativa de São Paulo, deputado estadual Samuel Moreira (PSDB), que nasceu em Governador Valadares (MG). Aécio sentou-se entre os dois representantes do tucanato paulista e durante todo o evento manteve conversas ao pé do ouvido de ambos, mas principalmente do parlamentar. "Não falamos de eleições. Precisamos esperar uma definição mais clara do Serra. Surgiram essas especulações sobre que espaço ele pode ocupar. (Mas) até o dia 7 vamos saber se ele continua ou não (no partido)", ressaltou Moreira, referindo-se a 7 de outubro, prazo que a legislação determina para que interessados em disputar as eleições de 2014 definam em qual legenda ficarão. O deputado paulista ainda minimizou as recentes visitas de Aécio a São Paulo e descartou o caráter político da presença constante do senador no quintal de Serra nas últimas semanas. "O Aécio tem feito trabalho como presidente do partido", justificou.
Além dos tucanos, Aécio também manteve conversas com o senador Ciro Nogueira (PI), presidente nacional do PP, e com o ex-governador e atual deputado federal Esperidião Amim (PP-SC). O mineiro quer atrair o partido, que hoje integra a base da presidente Dilma Rousseff, para sua possível candidatura ao tenta fazer ao menos com que o PP não participe da coligação em torno da reeleição da petista. Em Minas, o PP integra a gestão estadual com o vice-governador Alberto Pinto Coelho, um dos cotados para a sucessão mineira no ano que vem.