O presidente do Instituto Mundial de Desenvolvimento e Cidadania (IMDC), Deivson Oliveira Vidal, preso naOperação Esopo, da Polícia Federal, permaneceu em silêncio ontem durante tentativa da corporação de obter em depoimento novas informações sobre o funcionamento da organização que comandava. Segundo o advogado de Deivson, Sérgio Leonardo, seu cliente, a partir de agora, só falará em juízo. A Operação Esopo provocou ontem mais uma baixa no Ministério do Trabalho. O secretário de Políticas Públicas de Emprego, Sérgio Vidigal, pediu demissão do cargo. Segundo informou o ministro Manoel Dias, o auxiliar justificou a saída com a alegação de que não quer atrapalhar as investigações da Polícia Federal. Na terça-feira, quem perdeu o cargo foi o secretário-executivo, Paulo Roberto Pinto, que chegou a prestar depoimento à PF.
Em Belo Horizonte, a defesa do presidente do IMDC alegou que ele já respondeu a perguntas feitas pela PF, no dia em que foi preso, e pelo Ministério Público, há um ano e meio. “Em 30 de julho de 2012, fizemos ainda petição à Polícia Federal em que meu cliente se colocava à disposição para esclarecimentos”, acrescenta Sérgio Leonardo. O IMDC é investigado por fraude em licitações de prefeituras para desvio de recursos do Ministério do Trabalho.
Na quinta-feira, a PF libertou cinco suspeitos de envolvimento no esquema: o vice-presidente do IMDC, Tácito Avelar e Silva, e os funcionários Cristiano Lacerda, Daniel Amaral, Rafael Augusto e Willian Luzia de Oliveira Júnior. O presidente do IMDC continua preso. A Operação Esopo prendeu mais de 20 pessoas no país na segunda-feira, sendo 15 em Minas Gerais. Segundo estimativa da PF, a fraude pode alcançar o valor de R$ 400 milhões nos últimos cinco anos, período de duração das investigações. O IMDC, no entanto, existe desde 1979 e já funcionou com outros nomes.
O pivô do esquema, segundo a PF, é a organização da sociedade civil de interesse público (Oscip) IMDC, com sede em Belo Horizonte, que fechava contratos para realização de cursos de formação profissional, festivais culturais e perfurações de poços artesianos, serviços que não eram fornecidos e tinham os recursos, repassados pela União e pelo estado, desviados para os integrantes da quadrilha.
Saques O esquema usado na fraude foi considerado “grosseiro” pelo delegado da PF Marcelo Freitas, encarregado da operação. As prefeituras conseguiam os recursos para os serviços e direcionavam as licitações para a Oscip, que, na melhor das hipóteses, executava parcialmente os contratos. O dinheiro era então distribuído para a quadrilha. “Os saques eram feitos na boca do caixa. Em um deles foram retirados R$ 850 mil”, disse o delegado. Segundo o chefe de Operações Especiais da Controladoria Geral da União (CGU) em Minas Gerais, Israel José Reis de Carvalho, a demora em fechar o cerco à quadrilha ocorreu ao menos em parte pela participação de integrantes dos governos federal e estadual.