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Corpo de Luiz Gushiken é enterrado em São PauloGushiken deixa lição de dignidade, diz Padilha"Gushiken contrariou interesses econômicos", diz Gilberto CarvalhoPara José Dirceu, Gushiken é o principal injustiçado no mensalão“Em 2002, quando eu fui candidato, ele tinha tirado uma parte do estômago, do intestino. Ele me levou à vitória nas eleições de 2002”, lembrou o ex-presidente. O ex-ministro da Casa Civil José Dirceu e os deputados João Paulo Cunha e José Genoino, condenados no mensalão, também estiveram no velório. Na saída, Genoino não quis conversar com a imprensa. Disse apenas que “o silêncio fala por mim”. Em seu blog, Dirceu afirmou que a denúncia de peculato contra Luiz Gushiken no mensalão foi “uma das maiores injustiças da Ação Penal 470”.
O corpo do petista foi velado durante toda a manhã de ontem. Logo depois de chegar ao Cemitério do Redentor, no Bairro do Sumaré, na Zona Oeste de São Paulo, às 7h20, familiares pediram que a imprensa não acompanhasse o velório dentro da capela. O enterro ocorreu às 16h. Um pouco antes, às 15h20, a presidente Dilma Rousseff chegou ao local acompanhada de Lula e dos ministros da Educação, Aloizio Mercadante, e da Saúde, Alexandre Padilha. O deputado federal Arlindo Chinaglia (PT-SP), líder do governo na Câmara, e o ex-ministro da Justiça e advogado de réus do processo do mensalão Márcio Thomaz Bastos também estiveram presentes.
O senador Eduardo Suplicy (PT-SP) afirmou que as acusações contra Gushiken contribuíram para agravar o quadro de saúde. “Eu acho que inevitavelmente todo esse processo certamente contribuiu para enfraquecê-lo e diminuir a resistência dele. O câncer se espalhou pelo corpo e ele retirou diversos órgãos e fez inúmeras cirurgias. Então, o sofrimento por causa desse processo acabou penalizando bastante a ele próprio. Mas acho que foi muito importante para ele e para a família saber que ele foi inocentado”, disse.
TRAJETÓRIA Fundador do PT, Luiz Gushiken, paulista de Oswaldo Cruz, iniciou a caminhada política como representante do Sindicato dos Bancários de São Paulo. Quatro anos depois, virou presidente da entidade de classe e liderou uma das maiores greves da categoria. Administrador de empresas, Gushiken se aproximou de Lula justamente por meio do movimento sindical. No PT, o ex-ministro integrava a tendência Liberdade e Luta, uma das alas mais radicais da sigla. Na ditadura, o petista foi preso quatro vezes no DOI-Codi em razão de sua militância política. Em uma das vezes, acabou detido por organizar um gigante jogo de xadrez no Centro de São Paulo para arrecadar fundos e tirar Lula da prisão.
Deputado federal constituinte, em 1988, Gushiken assumiu a Presidência do PT um ano depois e foi um dos coordenadores da campanha derrotada de Lula contra o hoje senador Fernando Collor de Melo. Em 2003, virou ministro. Pediu demissão em 2006, após denúncias feitas por um dirigente do Banco do Brasil de ter influenciado em fundos de pensão de estatais por meio de consultorias de seus ex-sócios.