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Mulher de ministro tinha ligação com convênio irregularMinistério instaura sindicância para investigar fraudesDescoberto lobby de ONG com Gilberto Carvalho“Mais de uma vez vieram pedir. Padre Lício dizia para que eu falasse que o Ceat é de gente séria”, relata Carvalho. “Falei com o Lupi, depois com o Brizolinha. Pedi que atendessem, sempre ressaltando que olhassem a prestação de contas.”
O ministro demonstra inconformismo. “Esse é o típico caso em que a gente deu apoio confiando muito na posição da Igreja. O Ceat sempre foi o orgulho da Igreja. Não estou dizendo que há algum culpado, mas agimos baseados nas recomendações de dom Cláudio e dom Odilo Scherer e de dom Orani (cardeal do Rio). Quem sempre reforçou a referência sobre padre Lício foram eles. Padre Lício sempre teve comportamento irrepreensível.”
Carvalho destaca que o Ministério do Trabalho e a CGU “não sinalizaram” com problemas nas contas da ONG. “Recomendei o Ceat sim, com a chancela da Arquidiocese de São Paulo e do Rio, que atestavam o trabalho como muito consistente.”
“Padre Lício veio me convidar para evento do dia 1.º de maio, veio com a Jorgette (presidente da ONG) e com gente respeitável. Aí pediu que eu falasse com o ministro Manoel Dias, que seria importante. Eu disse: ‘fale direto com o ministro, ele já conhece o trabalho de vocês’. Eu não fiz nenhuma interferência, até poderia ter falado com o ministro (Manoel Dias), como falei com os outros (Lupi e Brizola) porque não tinha suspeita sobre o Ceat. Assim como eu, a Igreja ficou absolutamente surpresa. Essa é a verdade.”
“Quando houve as prisões eu pensei que devia ser engano muito grave, alguma pirotecnia. Liguei para o Zé Eduardo (Cardozo, ministro da Justiça), ele disse que era coisa séria. Tentei falar com d. Cláudio, estava em retiro. Dom Odilo já sabia das prisões, muito surpreso.”
O criminalista Pedro Iokoi, que defende Jorgette, disse que o Ceat “não é entidade de fachada, promove trabalho de grande relevância social”.