Jornal Estado de Minas

Nova embaixadora do Brasil nos EUA se esquiva de comentar crise entre os dois países

"Estou chegando, vamos ter tempo de falar de muitos temas, incluindo esse", disse a embaixadora ao ser perguntada sobre a espionagem dos Estados Unidos

Renata Tranches
Nova emebaiadora do Brasil nos EUA, Liliana Ayalde - Foto: Marcelo Casal Jr./ABRBrasília – O governo norte-americano tem uma nova interlocutora no Brasil para lidar com a crise instalada nas relações entre os dois países por conta das denúncias de espionagem. A nova embaixadora dos Estados Unidos, Liliana Ayalde, desembarcou ontem de manhã em Brasília e falou à imprensa, nas recusou-se a abordar o tema. "Estou chegando, vamos ter tempo de falar de muitos temas, incluindo esse", esquivou-se. Em breve pronunciamento no aeroporto de Brasília, Ayalde disse que pretende "engajar-se com o povo e o governo do Brasil" para construir "uma parceria estratégica mais forte para o século 21". "Este é um tempo muito importante em nossas relações, cheio de oportunidades e possibilidades. Juntos, estou certa de que podemos expandir e aprofundar os muitos laços que existem entre nossas duas importantes e grandes nações", declarou, em português fluente.
O mal-estar causado pelas revelações sobre a espionagem, inclusive de comunicações da presidente Dilma Rousseff com auxiliares, não é uma situação totalmente nova para a diplomata. Em novembro de 2010, como embaixadora em Assunção, Ayalde foi convocada pelo governo paraguaio a dar explicações sobre revelações vazadas pelo site WikiLeaks. Documentos oficiais diziam que "o Departamento de Estado dos EUA teria pedido" que fossem monitorados candidatos à eleição presidencial de 2008 – Fernando Lugo, que sairia vencedor, Blanca Ovelar, o general Lino Oviedo e Luis Castiglioni.

Em um telegrama diplomático de 28 de março de 2009, quase um ano após a vitória de Lugo, o próprio nome da embaixadora é citado. O texto relata desconfianças sobre uma conspiração contra Lugo. "Para um presidente que já enfrenta tantos desafios, como disputas políticas internas, corrupção e a percepção de que seu estilo de liderança é ineficiente, Lugo deve saber (e também se preocupar) que um passo em falso pode ser o último", escreveu. Em junho de 2012, Lugo deixou a Presidência, após passar por um processo de impeachment relâmpago.

Credenciais

A embaixadora ainda tem uma formalidade a preencher – a apresentação das credenciais à presidente Dilma, em data ainda por definir, possivelmente ainda nesta semana. Ayalde viajou em voo comercial, acompanhada do marido, Luiz Jorge, e das filhas Stephany e Nathalia. Natural de Marlyland, ela tem bacharelado em artes pela Faculdade de Estudos Internacionais da Universidade Americana em Washington e mestrado em saúde pública pela Universidade Tulane, na Louisiana. Iniciou a carreira no serviço diplomático em 1982 e assumiu o primeiro posto internacional em Daca, Bangladesh. Antes de ser designada para o Brasil, a embaixadora tinha trabalhado como subsecretária de Estado adjunta para Assuntos do Hemisfério Ocidental e servido como vice-administradora daagência americana de cooperação internacional, a Usaid, para América Latina e Caribe.