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Estado de Minas

Dilma vai propor ação antiespionagem

o Itamaraty e a presidente Dilma Rousseff pretendem levara fóruns internacionais a ideia de algum tipo de controle para barrar espionagem


postado em 19/09/2013 08:56 / atualizado em 19/09/2013 09:00

O governo brasileiro vai fazer do combate à espionagem entre governos uma de suas bandeiras diplomáticas nos próximos meses. Depois da crise com os Estados Unidos, causada pela revelação do monitoramento ilegal das comunicações no país, o Itamaraty e a própria presidente Dilma Rousseff pretendem levar a ideia de algum tipo de controle para fóruns internacionais, e começam a sondar a possibilidade de apoios a uma proposta formal.

O primeiro passo foi dado em julho, na reunião do Mercosul, logo depois da descoberta da espionagem pela Agência de Segurança Nacional (NSA, na sigla em inglês) em e-mails e telecomunicações no País. Ali, o Brasil recebeu solidariedade de Argentina, Uruguai e Venezuela. Agora, o governo quer levar o tema à União das Nações Sul-americanas (Unasul), à Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos e aos Brics (grupo composto, além do Brasil, por Rússia, Índia, China e África do Sul) na busca de apoio para uma proposta formal.

Apesar da proximidade regional, Celac e Unasul podem ter mais resistência do que Mercosul e mesmo Brics. Países como Colômbia, Chile e mesmo o México, também espionado, tem hoje uma proximidade política - e principalmente econômica - mais forte com os Estados Unidos do que com o Brasil, apesar de terem se manifestado contrários ao sistema de espionagem instaurado pelos americanos.

Direito humano

A primeira tentativa de uma moção contrária à espionagem, no Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas, não prosperou. O Brasil pretendia fazer uma condenação, usando o direito à privacidade dos cidadãos como um direito humano, mas não conseguiu apoios.

A intenção agora é mais abrangente. Já existem diversas queixas, inclusive entre países europeus, pela excessiva concentração da governança da internet na mão dos americanos. Depois do escândalo da espionagem, o governo brasileiro avalia que pode haver clima para que se faça algum tipo de regulamentação contra a espionagem ilegal entre países. Esse deverá ser um dos principais temas do discurso da presidente na abertura da Assembleia Geral da ONU, na próxima semana, em Nova York.

Será lá, também, que Dilma encontrará pela primeira vez o presidente americano, Barack Obama, depois da decisão de cancelar a visita de Estado aos EUA, marcada para 23 de outubro. Dilma é a primeira a falar e Obama, o segundo. Normalmente há uma conversa informal entre os dois discursos.

O chanceler Luiz Alberto Figueiredo também deverá ter um encontro com o secretário de Estado John Kerry, a pedido do americano.

Apesar da longa conversa com o presidente americano por telefone e da promessa de Obama de que estaria fazendo uma revisão nos procedimentos da NSA, o governo brasileiro ainda espera um discurso mais satisfatório dos Estados Unidos. Apesar disso, há esperanças no Itamaraty de que a visita tenha sido realmente apenas adiada, podendo ser retomada no início de 2014 ou até mesmo este ano - a depender do “um gesto” de Obama.

Relações comerciais


Em Nova York, Dilma Rousseff fará, no dia 25 deste mês, o encerramento de uma reunião com investidores, banqueiros e empresários americanos sobre infraestrutura no Brasil. Tratada apenas como uma possibilidade antes do cancelamento da visita de Estado, a fala da presidente aos homens de negócio foi confirmada para demonstrar que, apesar da crise política, a intenção é que os negócios continuem, sem problemas.

Dilma vai ao evento, que pretende atrair investimento para obras de infraestrutura no Brasil, acompanhada dos ministros do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Fernando Pimentel, e da Fazenda, Guido Mantega.

Outros temas que seriam tratados durante a visita, como a questão da liberação de vistos para brasileiros, especialmente de negócios, e outras questões comerciais, continuarão sendo tratadas nos grupos de trabalho entre os dois países. Apesar da crise política, o governo brasileiro quer demonstrar que não há paralisia nas relações diplomáticas e econômicas.


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