Jornal Estado de Minas

PF prende fraudadores de fundos de pensão no DF, MG e mais oito estados

A operação da Polícia Federal cumpre 102 mandados nesta quinta-feira por fraude em entidades previdenciárias públicas

A Polícia Federal deflagrou na manhã desta quinta-feira a Operação Miquéias para desarticular duas organizações criminosas envolvidas em lavagem de dinheiro e má gestão de recursos de entidades previdenciárias públicas. Mais de trezentos policiais cumprem 102 mandados judiciais no Distrito Federal e nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, Maranhão, Amazonas e Rondônia.
Desse total de mandados, cinco são de prisão preventiva, 22 de prisão temporária e 75 de busca e apreensão. A investigação comçeou há um ano e meio para apurar lavagem de dinheiro por meio da utilização de contas bancárias de empresas de fachada ou fantasmas, abertas em nome de “laranjas” ou “testas-de-ferro”. O objetivo da iniciativa era o de ocultar os verdadeiros responsáveis pela movimentações ilegais. A Polícia Federal  também revelou a existência de uma holding de empresas que funcionava como serviço de terceirização para lavagem do dinheiro proveniente de crimes diversos.

De acordo com a Polícia Federal, após creditar os valores nas contas bancárias das empresas investigadas, o dinheiro ficava circulando pelas demais contas pertencentes à quadrilha para, depois, serem sacados em espécie.

Também conforme as investigações da Polícia Federal, os “laranjas” e as “empresas” eram periodicamente substituídos para não despertarem atenção dos órgãos de fiscalização. Nos dezoito meses de investigação, foram sacados mais de R$ 300 milhões nas contas dessas empresas.

A Polícia Federal identificou até o momento, entre as inúmeras células criminosas da organização, três núcleos distintos que contavam, inclusive, com a participação de policiais civis do Distrito Federal, responsáveis pela “proteção” da quadrilha.

Durante a investigação, a Polícia Federal também constatou que os líderes da organização criminosa  desenvolviam outra atividade ilícita: o aliciamento de prefeitos e gestores de regimes próprios de Previdência Social a fim de que eles aplicassem recursos das respectivas entidades previdenciárias em fundos de investimentos com papeis pouco atrativos, geridos pela própria quadrilha e com alta probabilidade de insucesso.

Esses fundos eram formados por “papeis podres”, decorrentes da contabilização de provisões de perdas por problemas de liquidez e/ou pedidos de recuperação judicial dos emissores de títulos privados que compõem suas carteiras. Severos prejuízos foram verificados no patrimônio desses regimes próprios de Previdência Social.

Os prefeitos e gestores dos regimes de previdência eram remunerados com um percentual sobre o valor aplicado. O esquema contava também com a intermediação de importantes lobistas que faziam o elo entre agentes políticos e a quadrilha.

Nessa investigação, foram verificadas irregularidades especificamente nos regimes próprios de Previdência Social das seguintes prefeituras: Manaus/AM, Ponta Porã/MS, Murtinho/MS, Queimados/RJ, Formosa/GO, Caldas Novas/GO, Cristalina/GO, Águas Lindas/GO, Itaberaí/GO, Pires do Rio/GO, Montividiu/GO, Jaru/RO, Barreirinhas/MA, Bom Jesus da Selva/MA, Santa Luzia/MA.

Os presos e indiciados responderão, na medida de suas participações, pelos crimes de gestão fraudulenta, operação desautorizada no mercado de valores mobiliários, corrupção ativa e passiva, lavagem de dinheiro, formação de quadrilha e falsidade ideológica.

A Operação Miquéias contou com apoio  do Ministério da Previdência Social e da Comissão de Valores Mobiliários (CVM).

Miqueias


O nome da operação refere-se a Miqueias que denunciava os governantes, chefes e ricos das cidades de Jerusalém e Samaria que roubavam o povo através da língua enganosa, com armadilhas, exigiam presentes e subornos. (Com informações da Polícia Federal)