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Estado de Minas

Comissão quer exumar corpo do motorista de JK

Grupo de São Paulo vem a Minas pedir que seja feita nova perícia nos restos mortais de Geraldo Ribeiro. A suspeita é de que colisão na Via Dutra, em 1976, não tenha sido acidente


postado em 20/09/2013 06:00 / atualizado em 20/09/2013 09:44

Opala do ex-presidente destruído no acidente na Via Dutra: suspeita sem fim(foto: Arquivo/EM/D.A.Press)
Opala do ex-presidente destruído no acidente na Via Dutra: suspeita sem fim (foto: Arquivo/EM/D.A.Press)

Pedido de nova exumação e perícia do corpo do motorista do ex-presidente Juscelino Kubitschek, Geraldo Ribeiro, será feito na segunda-feira pessoalmente pelo presidente da Comissão da Verdade Vladmir Herzog, da cidade de São Paulo, vereador Gilberto Natalini (PV) ao secretário de Defesa Social de Minas, Rômulo Ferraz. Segundo Natalini, os dois já conversaram por telefone e Ferraz se mostrou sensibilizado pelos novos argumentos apresentados na discussão sobre a morte do ex-presidente. “O crânio do motorista tinha um buraco de quatro ou cinco milímetros, com um objeto metálico dentro. Pelo relato que tivemos, parecia um projétil. Em nove meses morreram Juscelino, (Carlos) Lacerda e João Goulart”, afirma Natalini.

O corpo de Geraldo Ribeiro, enterrado no Cemitério da Saudade, em Belo Horizonte, foi exumado em 1996 e a perícia constatou que o fragmento metálico encontrado em seu crânio era um prego do caixão. O pedido é para que tanto o crânio quanto o metal sejam reexaminados “à luz da tecnologia, quase 40 anos depois da morte de JK e quase 20 depois da perícia”, explica o parlamentar. “Se for constatado que na verdade era uma bala, aí acabou, matamos a charada. Se não, ainda teremos muito a esclarecer”, completa ele. O vereador relata ainda que no necrotério de Resende (RJ) o corpo do ex-presidente foi visto no chão e coberto por um plástico, enquanto o do motorista ficou trancado em uma sala.

A morte de JK entrou para a história como acidente automobilístico. A versão oficial dá conta de que um ônibus teria fechado o Chevrolet Opala do ex-presidente no quilômetro 165 da Rodovia Presidente Dutra, quando ele viajava do Rio de Janeiro para São Paulo. Gilberto Natalini afirma, no entanto, que um passageiro que estava no ônibus depôs para a Comissão da Verdade    Vladmir Herzog e contou uma versão diferente, em que o veículo dirigido por Geraldo Ribeiro teria feito uma ultrapassagem perigosa pela pista da direita entre o ônibus e a carreta com que colidiu, atravessando uma grade de proteção. “O motorista era experiente, será que ele faria uma manobra arriscada como essa? A suspeita é de ele tenha sofrido um atentado antes da ultrapassagem do ônibus”, diz.

Segundo anunciou a Comissão da Verdade no começo do mês, o corpo do ex-presidente João Goulart deve ser exumado ainda este ano. Como JK, Jango também teve uma morte em circunstâncias que levantaram suspeitas. A versão oficial dá conta de que ele morreu de ataque cardíaco.

Dossiê O ex-secretário particular de Juscelino, Serafim Jardim, também depôs à comissão comandada por Natalini. Ele viabilizou a exumação do corpo do motorista Geraldo Ribeiro em 1996 e articulou a reabertura da investigação da morte do ex-presidente. A Comissão de Direitos Humanos da Seção Mineira da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-MG) elaborou no ano passado um dossiê sobre o caso, que foi entregue à Comissão Nacional da Verdade. O advogado Paulo Castelo Branco, que tambem depôs em São Paulo sobre o assunto, estará presente na reunião de segunda-feira com o secretário Rômulo Ferraz.


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