Jornal Estado de Minas

Partidos tensionam na reta final de filiações

Proximidade do socialista Eduardo Campos com Aécio Neves está por trás da disputa de quem estará mais forte em 2014

Jorge Macedo - especial para o EM
Karla Correia

Aécio e outros caciques tucanos reunidos em Alagoas: tentativa de atrair a simpatia de socialistas no Nordeste - Foto: Orlando Brito/Divulgação
Brasília –
A 13 dias do término do prazo de filiações partidárias e com a eleição presidencial cada vez mais visível no horizonte, os ânimos dos presidenciáveis estão mais acirrados. PT e PSB entraram em rota de colisão após o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, ter ordenado o desembarque de seu partido do governo federal. O senador Aécio Neves (PSDB-MG) apresentou um novo programa na televisão e reuniu os correligionários em Alagoas. A Rede, de Marina Silva, reuniu-se a portas fechadas em busca de alternativas caso o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) não autorize a criação do partido. E José Serra (PSDB) ainda está indeciso sobre o futuro político.

A saída antecipada do PSB da base de sustentação do governo Dilma Rousseff aprofundou divisões dentro do PT, já tensionado pelo processo de eleição do presidente da legenda, programada para novembro. Uma ala do partido, liderada pelo presidente do PT, Rui Falcão, é apontada como a origem do movimento de pressão que acabou levando Eduardo Campos a entregar os cargos da legenda na administração federal e anunciar oficialmente o desembarque do partido da base aliada.

Para ganhar tempo, a presidente Dilma pediu na quinta-feira ao ministro da Integração, Fernando Bezerra Coelho, que espere uma semana para conversarem melhor. A presidente também deve voltar a se encontrar com Eduardo Campos, que foi na quarta-feira ao Planalto comunicar formalmente a decisão do PSB de se retirar da base.

Adversário de Falcão na disputa pela Presidência do PT, o deputado Paulo Teixeira (SP), capitaneia a ala petista que defende maior proximidade da legenda com o PSB. “Nosso distanciamento não será bom para o governo, já que se trata de um aliado com forte identidade programática. Nem para o PSB, já que o caminho que se desenha sem o PT é o da aproximação com as forças que sempre fizeram oposição aos avanços no Brasil”, pregou Teixeira, em nota divulgada também na quarta-feira, pouco depois de o PSB oficializar que entregaria seus postos no governo e passaria a integrar a ala dos independentes no Congresso.

Como os socialistas estão coligados ao PT em seis estados, e há chances concretas de a disputa presidencial ser decidida só em segundo turno, Teixeira acha um erro brigar com um aliado neste momento. Especialmente porque Eduardo é forte no Nordeste, região pela qual Aécio começou ontem o ciclo de encontros do PSDB.

Quem está de olho no Planalto

Confira como está a situação dos prováveis protagonistas da corrida presidencial de 2014


Dilma Rousseff (PT)
Está em processo de recuperação da popularidade perdida após os protestos de junho, aposta no Programa Mais Médicos e tenta controlar a inflação, mas não consegue deslanchar as concessões de rodovias, ferrovias e a licitação do pré-sal

Aécio Neves (PSDB)
Apresentou o novo programa partidário tucano, criticando a leniência do governo com a inflação e a falta de infraestrutura no país. Iniciou ontem a série de reuniões com os representantes regionais do PSDB. O primeiro encontrou reuniu o tucanato nordestino

Eduardo Campos (PSB)
Deu, na semana que passou, o passo mais ousado rumo à consolidação da candidatura presidencial: reuniu a Executiva do partido para  desembarcar do Planalto e ordenou aos correligionários que entregassem os cargos federais

José Serra (PSDB)
Na mesma situação de Marina Silva. Anima-se com algumas pesquisas, mas só conseguirá se candidatar se deixar o PSDB, o que parece cada vez mais difícil. O PPS, por exemplo, desistiu de convencê-lo a se filiar à legenda