Brasília – O Senado imprimiu 4,6 milhões de peças gráficas entre janeiro e agosto de 2013, ano pré-eleitoral, a pedido de senadores. Com destaque para a imagem dos parlamentares, os informativos do mandato, panfletos, fôlderes e boletins recheados de reportagens positivas consumiram 127,2 milhões de páginas produzidas na gráfica da Casa. O material chega aos eleitores pelo correio e até pelas mãos dos próprios congressistas, em ações que já foram chamadas por um deles de "corpo a corpo". O ano ainda não acabou, mas o número de impressões já supera o de 2012 inteiro: 4,4 milhões.
Sem contar a avalanche de papel impressa na Secretaria Especial de Editoração e Publicações do Senado, uma estrutura que consumiu R$ 12,2 milhões este ano, os senadores gastaram R$ 1,7 milhão em 2013 com "divulgação de atividade parlamentar", um dos itens da Cota para Exercício da Atividade Parlamentar, mais conhecida como verba indenizatória.
Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) usou panfleto em que se intitula "a senadora do Amazonas" para fazer um "corpo a corpo" em Manaus, como ela mesma anunciou em sua conta em uma rede social de fotografias. O informativo, em papel colorido, tem quatro páginas e traz reportagens em que ela aparece como apoiadora das manifestações populares de junho.
Já o senador Pedro Taques (PDT-MT) imprimiu 10 mil cópias do informativo "Transparente", com 16 páginas. Logo na capa da peça, que foi distribuída em cidades do interior do estado pelo qual foi eleito, o parlamentar diz que colocou "Mato Grosso à frente dos principais temas debatidos pelos três poderes em 2012".
O juiz Márlon Reis, um dos idealizadores do Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral (MCCE), diz que é "altamente questionável” usar o dinheiro público para promover um titular do mandato. "Embora não haja um pedido direto de voto, isso é uma maneira de influenciar o eleitor", afirma.
Critérios O Senado informou que o uso dos recursos gráficos da Secretaria de Editoração e Publicações segue critérios estabelecidos pelo Ato da Comissão Diretora 6/2002. Os senadores alegaram que não há irregularidade nas publicações. Vanessa Grazziotin, por meio da assessoria, diz que a impressão dos materiais "é uma forma de prestação de contas ao eleitor das atividades e opiniões da senadora". Já a assessoria do senador Pedro Taques alegou que ele não usa a verba destinada à divulgação de atividade parlamentar e, em relação à gráfica do Senado, imprime apenas o boletim citado pela reportagem, semestralmente.