Condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a quatro anos e oito meses de prisão no regime semiaberto por fraude em licitações, o senador Ivo Cassol (PP-RO) é, até agora, o campeão de gastos com “divulgação de atividade parlamentar” em 2013. Como o Correio mostrou no domingo, além de já terem usado a gráfica do Senado para imprimir 4,6 milhões de peças gráficas, os senadores pagaram, com dinheiro público, R$ 1,7 milhão pela divulgação de seus mandatos. A cifra é um dos itens da Cota para Exercício de Atividade Parlamentar (Ceaps), mais conhecida como verba indenizatória.
Cassol gastou R$ 145,9 mil com a divulgação, entre janeiro e setembro, média de R$ 16,6 mil por mês. Além de uma empresa de consultoria, o senador investiu em rádios e portais da região. Os sites pagos pelo senador publicam notícias da Agência Senado, que permite a reprodução de suas reportagens gratuitamente, exigindo apenas a citação. De acordo com a assessoria de imprensa de Cassol, as rádios pagas também divulgam notícias produzidas pela Agência Senado. De modo geral, as reportagens não trazem informações diretamente relacionadas com Rondônia e destacam mais a imagem do próprio político.
Em um portal, por exemplo, uma das notícias divulgadas trata da reação dos políticos às manifestações de junho: destaque para o discurso de Cassol, no qual argumenta que a população não quer a reforma política, mas, na verdade, uma “reforma de políticos”. “Não vi ninguém dizer (nas manifestações) que a solução para calar o povo que saiu às ruas é a reforma política. Sou contra a reforma política, mesmo sendo da base do governo. Sou a favor da reforma dos políticos que representam a população”, afirma o senador à reportagem.
A assessoria de Cassol alega que o alto gasto com “divulgação de atividade parlamentar” não é uma tentativa de recuperar a imagem do senador perante a população de Rondônia. Ainda de acordo com a equipe, como há cidades muito isoladas no estado e Cassol não pode visitá-las com frequência, ele recorre às rádios e aos portais para “levar informações do interesse de Rondônia” aos moradores. O senador está recorrendo da condenação no STF.
Jader Barbalho (PMDB-PA) é o segundo que mais gastou com o item, desembolsando R$ 138,6 mil. O valor foi pago à CGICOM Propaganda e Marketing, sendo fatiado em R$ 15,4 mil por mês. Segundo a assessoria de imprensa do senador, a empresa paulista cuida das mídias sociais de Barbalho, atualizando, por exemplo, o site do parlamentar.
O terceiro lugar é, por ora, de Vital do Rêgo (PMDB-PB), cotado para o Ministério da Integração Nacional depois da saída de Fernando Bezerra (PSB). O senador gastou R$ 117 mil com divulgação, grande parte pagos a sites de notícia da Paraíba. As notícias, de maneira geral, são amplamente positivas ao senador. Em um dos portais, há a reportagem “Cotado para ser ministro, Vitalzinho comemora 50 anos de vida”, publicada em setembro.
A assessoria do senador alegou que “a divulgação da sua atividade parlamentar obedece, rigorosamente, aos critérios estabelecidos pelo Ato do 1º Secretário nº10/2011”, que regula o uso da verba. “Além disso, um dos deveres básicos de homens públicos é o de prestar contas da sua atividade aos cidadãos”, registra a nota.
O Correio mostrou, no domingo, que os senadores mandaram imprimir 127,2 milhões de páginas na gráfica do Senado. São panfletos e fôlderes recheados de reportagens positivas, que destacam a imagem dos parlamentares. O material chega aos eleitores pelo correio e até pelas mãos dos próprios congressistas, em ações que já foram chamadas até de “corpo a corpo”. Em ano pré-eleitoral, o número de material impresso (4,6 milhões) já superou o de 2012, quando foram 4,4 milhões de unidades.
Os três mais
Os campeões na “divulgação de
atividade parlamentar”
Ivo Cassol (PP-RO) R$ 145,9 mil
Jader Barbalho (PMDB-PA) R$ 138,6 mil
Vital do Rêgo (PMDB-PB) R$ 117 mil
Total de todos os senadores R$ 1,7 milhão