Brasília – O secretário-geral da Presidência da República, ministro Gilberto Carvalho, defendeu nesta terça-feira a reforma política e a reforma eleitoral para abrir espaços para os jovens na política, mas disse que não concorda com setores da imprensa que, segundo ele, tentam criminalizar a política, “pois isso vai acabar favorecendo certo tipo de fascismo. Não podemos identificar a política como uma atividade criminosa para não correr esse risco”, disse o ministro.
Para o ministro, a reforma política é necessária para obrigar os governos a agir com transparência e, dessa forma, combater a corrupção. Quanto à reforma eleitoral, ele disse que é preciso criar espaço para a participação dos jovens, com mudanças no “sistema perverso” que foi implantado no país, “em que o jovem não pode ser parlamentar se não tiver recursos econômicos. Do contrário, terá que ser financiado por empresários e ficará comprometido com eles. Essa situação afasta os jovens da política, ou faz com que eles acabem aderindo a velhas práticas do sistema”, acrescentou.
Carvalho informou que existe um projeto de lei de iniciativa popular, que já reúne “de 2 a 3 milhões de assinaturas”, para tentar mudanças na legislação, mas considera essa possibilidade “muito difícil com o atual Congresso”.
O secretário-geral da Presidência participou do painel “A situação atual, desafios associados ao desenvolvimento e juventude”, juntamente com a subsecretária-geral da ONU e administradora associada do Pnud, Rebeca Grynspan. Carvalho respondeu a perguntas sobre as manifestações de junho e destacou que “a responsabilidade de todos agora é enorme quanto às novas formas de fazer política”. Para ele, “o governo foi pego no contrapé” com as manifestações e sua rápida expansão pelo país, pois ninguém previu a eclosão de tais movimentos, que começaram em São Paulo, com protestos contra o aumentos das passagens de ônibus.
Segundo o ministro, o governo foi surpreendido com os protestos contra os gastos para construção dos estádios para a Copa de 2014, mas reconheceu que houve um erro, quando não se deu a atenção devida à saúde. “Fui ao encontro dos manifestantes em frente ao Estádio de Brasília e uma mulher gritou para mim: 'Vocês gastam 1 bilhão [de reais] com esse estádio, enquanto minha mãe está em uma maca no HRAN (Hospital Regional da Asa Norte).”
No entanto, disse Gilberto Carvalho, o governo soube interpretar as manifestações e deu uma resposta rápida, com a proposta de reforma política e o programa do Sistema Nacional de Desenvolvimento Urbano, além de, mais do que nunca, ouvir as reivindicações dos movimentos populares. Para o ministro, houve muitos avanços nos direitos sociais nos últimos anos, “mas a juventude foi à rua para manifestar sua insatisfação com o que já foi conquistado e exigir mais para mudar a cultura elitista do país, contra a corrupção na política e melhorar a qualidade de vida das pessoas, mas falta muito para