Depois de um dia de longas conversas com aliados, a ex-senadora Marina Silva adiou para hoje a decisão sobre sua participação nas eleições presidenciais do ano que vem. Com a negativa do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) de validar a legenda que ela articulava, a Rede Sustentabilidade, a pré-candidata – que conta com um capital político de quase 20 milhões de votos na primeira vez que tentou chegar à Presidência da República, em 2010 – indicou que deve ir para um partido que seja ideologicamente semelhante ao que ela idealizou. Um critério já explicitado por ela durante a coletiva que concedeu ontem foi que pretende estar em um grupo que queira quebrar a polarização da disputa entre PT e PSDB.
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Ministro do TSE que votou a favor da Rede de Marina aponta abusos Um dos principais apoiadores da Rede critica estratégia de Marina Silva Marina diz que não houve derrota no TSE e que "a Rede continua"Ministro da Justiça defende reforma, mas evita falar sobre RedePSDB e PSB lamentam naufrágio da Rede e aguardam definição de MarinaRede Sustentabilidade de Marina Silva tem registro negado pelo TSESobrou apoio popular à Rede de Marina Silva, faltou 'timing' políticoDirigentes do PPS se recusam em apoiar projeto de Marina com PSBEduardo Campos quer Marina Silva no PSB em 2014Regras para eleições de 2014 começam a valer neste sábadoMarina reconheceu não ser a única no cenário capaz de acabar com a dicotomia política entre oposição e situação e adiantou que vai optar pelo caminho que melhor contribua com a renovação da política e das instituições públicas do país. "Vai pesar na minha decisão a disposição dos que estão preocupados com a ideia de que a gente tem que quebrar a polarização de oposição por oposição e situação por situação. Devemos pensar no país e configurar uma agenda de investimentos estratégicos", afirmou.
Por diversas vezes, ela repetiu que sua decisão será baseada em "critérios programáticos" e afirmou que só vai cogitar a filiação a partido que discuta ideias. "Os que não têm disposição para um diálogo programático sequer estamos aventando em qualquer possibilidade. A conversa não é em torno de candidatura, é de programa, de ideia", disse.
A indecisão de Marina se arrastou ao longo do dia. Ontem à tarde, ela se reuniu com aliados da Rede Sustentabilidade para definir seu destino, mas não bateu o martelo. Pela manhã, a ex-senadora havia participado de uma teleconferência com 60 pessoas da executiva da Rede e aliados, em todo o país. Durante a tarde, a executiva do partido não oficializado se reuniu na casa de Marina em Brasília. Segundo um dos integrantes, foi um dia de "consultas". Após a decisão do TSE na quinta-feira à noite, Marina Silva reuniu-se com cerca de 20 aliados mais próximos em um encontro de seis horas que varou a madrugada de ontem. Ela ouviu apelos tanto para ser candidata por uma nova legenda quanto para adiar o projeto presidencial para 2018 e insistir no registro da Rede. Durante a reunião, a ex-senadora repetiu para os participantes que a escolha que fizesse teria de ser pautada pela coerência.
Marina disse que precisa ainda de um momento de "reflexão". "Se faz política no momento da vazante e não da cheia. Estamos aproveitando esse restinho de vazante para adensar as propostas. Agora sem o registro", afirmou.