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Estado de Minas

Cobiçada por diversas legendas, Marina tem até a meia-noite para se filiar

Sem a Rede, ex-senadora decide hoje sobre sua participação nas eleições


postado em 05/10/2013 06:00 / atualizado em 05/10/2013 11:40

"Vamos verificar a realidade política do Brasil e quais são as pessoas e partidos que estão identificados com uma agenda positiva para o país"- Marina Silva, ex-senadora e idealizadora da Rede (foto: Ueslei Marcelino/Reuters)

Depois de um dia de longas conversas com aliados, a ex-senadora Marina Silva adiou para hoje a decisão sobre sua participação nas eleições presidenciais do ano que vem. Com a negativa do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) de validar a legenda que ela articulava, a Rede Sustentabilidade, a pré-candidata – que conta com um capital político de quase 20 milhões de votos na primeira vez que tentou chegar à Presidência da República, em 2010 – indicou que deve ir para um partido que seja ideologicamente semelhante ao que ela idealizou. Um critério já explicitado por ela durante a coletiva que concedeu ontem foi que pretende estar em um grupo que queira quebrar a polarização da disputa entre PT e PSDB.

Convites não faltam. Desde que o TSE barrou o novo partido por não reconhecer o número de assinaturas suficientes para oficializar o partido, Marina foi cortejada por várias legendas, como o PPS, PHS, PEN e o PTB. "Vamos verificar a realidade política do Brasill e quais são as pessoas e partidos que estão identificados com uma agenda positiva para o país", adiantou Marina Silva. Embora tenha convocado uma entrevista para anunciar seu destino, a ex-senadora esticou a novela e disse que teria uma longa noite pela frente, já que a decisão será muito séria.

E é mesmo. A presença de Marina Silva é vista como um fator que pode mudar a disputa. Pelo recall da eleição passada, ela tem o poder de levar a eleição para o segundo turno, como fez em 2010 conseguindo 19,3% dos votos válidos no país. A ex-senadora está em segundo lugar nas pesquisas eleitorais, atrás da presidente Dilma Rousseff (PT). Uma eventual candidatura dela interessa principalmente aos partidos de oposição por ter o poder de levar o pleito para o segundo turno. Tanto que os dois pré-candidatos que tentam tirar a reeleição de Dilma, o senador Aécio Neves (PSDB) e o governador do Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), estão entre os defensores da participação de Marina no pleito.

Marina reconheceu não ser a única no cenário capaz de acabar com a dicotomia política entre oposição e situação e adiantou que vai optar pelo caminho que melhor contribua com a renovação da política e das instituições públicas do país. "Vai pesar na minha decisão a disposição dos que estão preocupados com a ideia de que a gente tem que quebrar a polarização de oposição por oposição e situação por situação. Devemos pensar no país e configurar uma agenda de investimentos estratégicos", afirmou.

Por diversas vezes, ela repetiu que sua decisão será baseada em "critérios programáticos" e afirmou que só vai cogitar a filiação a partido que discuta ideias. "Os que não têm disposição para um diálogo programático sequer estamos aventando em qualquer possibilidade. A conversa não é em torno de candidatura, é de programa, de ideia", disse.

A indecisão de Marina se arrastou ao longo do dia. Ontem à tarde, ela se reuniu com aliados da Rede Sustentabilidade para definir seu destino, mas não bateu o martelo. Pela manhã, a ex-senadora havia participado de uma teleconferência com 60 pessoas da executiva da Rede e aliados, em todo o país. Durante a tarde, a executiva do partido não oficializado se reuniu na casa de Marina em Brasília. Segundo um dos integrantes, foi um dia de "consultas". Após a decisão do TSE na quinta-feira à noite, Marina Silva reuniu-se com cerca de 20 aliados mais próximos em um encontro de seis horas que varou a madrugada de ontem. Ela ouviu apelos tanto para ser candidata por uma nova legenda quanto para adiar o projeto presidencial para 2018 e insistir no registro da Rede. Durante a reunião, a ex-senadora repetiu para os participantes que a escolha que fizesse teria de ser pautada pela coerência.

Marina disse que precisa ainda de um momento de "reflexão". "Se faz política no momento da vazante e não da cheia. Estamos aproveitando esse restinho de vazante para adensar as propostas. Agora sem o registro", afirmou.


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