Jornal Estado de Minas

Ex-presidente Lula evita falar do PSB de Eduardo Campos

Karla Correia Grasielle Castro

Lula: defesa dos programas sociais será bandeira petista na eleição - Foto:
Brasília – Fiel à postura do PT de manter o silêncio sobre a aliança firmada entre o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), e a ex-senadora Marina Silva (PSB) para a disputa presidencial de 2014, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva evitou fazer menções sobre os prováveis adversários da presidente Dilma Rousseff em 2014, mas antecipou a defesa dos programas sociais como bandeira petista para a eleição do próximo ano. “Vocês que vieram do exterior para participar deste evento não têm noção do preconceito de qualquer política de transferência de renda. Tudo o que a gente dá para os ricos é investimento, tudo o que a gente dá para os pobres é gasto”, criticou Lula, durante o encerramento da 3ª Conferência Global sobre Trabalho Infantil, evento promovido pela Organização Internacional do Trabalho (OIT).

Em seu discurso, o ex-presidente capitalizou ações de seu governo e da administração Dilma na redução da pobreza e no combate ao trabalho infantil. “Posso dizer com muito orgulho que participei de um momento da história deste país, como governante e agora como cidadão, que nunca antes na história do Brasil se dedicou tanto tempo e se colocou tanto dinheiro para acabar com essa praga do que está sendo feito agora”, disse Lula, que criticou a imprensa por dar preferência a “assuntos banais”. “É uma pena que às vezes coisas banais sejam tratadas de forma sensacionalista”, ironizou Lula, em uma referência indireta ao destaque que o noticiário tem dado aos reflexos da aliança entre Marina e Eduardo no quadro que se desenha para 2014.

Reunião com Dilma


A tensão com o momento político, contudo, ficou patente no encontro entre Lula e Dilma, logo depois da solenidade. Acostumado a se reunir com a presidente sempre que está em Brasília, Lula passou mais de quatro horas com Dilma no Palácio da Alvorada, discutindo o novo cenário das eleições de 2014. Também participaram da reunião o presidente do PT, Rui Falcão; o marqueteiro de Dilma, João Santana; o ex-ministro de Comunicação do governo Lula Franklin Martins; o ministro da Educação, Aloizio Mercadante, e o chefe de gabinete de Dilma, Giles Azevedo.

Encarregado de falar com a imprensa – algo incomum nas reuniões entre Dilma e Lula, geralmente cercadas de sigilo – ,Mercadante fez questão de minimizar publicamente a preocupação do Palácio do Planalto com a conjunção Marina/Eduardo. “Estamos menos preocupados em como é o quadro dos outros concorrentes, quantas candidaturas, quem será, mesmo porque, nada disso ainda está definido”, disse o ministro, que ainda assim reconheceu que o governo foi pego de surpresa pelo anúncio. “Esperávamos três candidatos e agora tem dois. Não está claro quem é o candidato em nenhum dos dois partidos. Há apenas uma tendência hoje em relação a duas outras candidaturas. Podemos ter mudanças ainda, inclusive nessas candidaturas. O foco principal para quem governa é a qualidade do governo. É nisso que estará nossa vitória”, ponderou Mercadante.

No almoço, que se estendeu pela tarde, o grupo fez um balanço dos cinco pactos anunciados como uma resposta às manifestações de junho, abordando reforma política, saúde, responsabilidade fiscal, saúde e mobilidade urbana. As aprovações da medida provisória que criou o programa Mais Médicos – considerado hoje no Planalto como o grande trunfo eleitoral do governo Dilma – e do projeto que destina 75% dos royalties do pré-sal e 50% do fundo social do petróleo para a educação foram comemoradas como vitórias importantes do governo. O saldo da proposta de reforma política, contudo, ficou a desejar.