Jornal Estado de Minas

Duplicação da BR-381 segue no compasso da burocracia para sair do papel

Falta apenas a assinatura da ordem de serviço para início da reforma da estrada conhecida como Rodovia da Morte, mas aspectos legais impedem que esse processo seja acelerado

Alessandra Mello
Trecho da Rodovia da Morte na saída de Belo Horizonte para Governador Valadares: expectativa era de que as ordens de serviço fossem assinadas este mês e as obras começassem até o fim do ano - Foto: Jair Amaral/EM/D.A Press
Sete dos 11 trechos da BR-381 entre Belo Horizonte e Governador Valadares que serão duplicados aguardam apenas a assinatura das ordens de serviço para que as obras sejam iniciadas. A previsão era de que essas ordens fossem assinadas agora em outubro, mas a burocracia pode atrasar ainda mais o processo de melhoria da estrada, conhecida como Rodovia da Morte. De acordo com o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), é necessário que as empresas formadoras dos consórcios vencedores das licitações registrem a parceria nas juntas comerciais. Só então elas poderão firmar o contrato com o governo federal, montar os canteiros de obras ao longo da rodovia e começar os trabalhos na pista. De acordo com o departamento, não há previsão de quanto tempo vai demorar essa etapa.
- Foto: Em visita a Varginha, no Sul de Minas, em agosto, a presidente Dilma Rousseff prometeu autorizar o começo das obras em setembro e a previsão era de que até dezembro as máquinas já estariam na estrada. A expectativa é de que Dilma venha a Minas Gerais participar da cerimônia de liberação das obras, mas ainda não há data definida na agenda presidencial para esta finalidade.

Para o empresário Luciano Araújo, coordenador do movimento Nova 381, essa autorização tem de ser dada até o fim deste mês para que as construtoras aproveitem o período de chuva para a montagem dos canteiros de obra, caso contrário não será possível iniciar a duplicação de fato em fevereiro, quando as chuvas começam a dar trégua. Segundo ele,  uma obra desse tamanho é precedida de uma preparação enorme, que pode demorar até quatro meses e inclui contratação de mão de obra e montagem de toda a infraestrutura necessária para o começo dos trabalhos.

A expectativa na região de Governador Valadares, afirma Luciano Araújo, é grande entre os empresários e comerciantes com a possibilidade de fornecer bens e serviços para as construtoras. Para ajudar, está sendo elaborado um caderno de obras com a relação de todos os serviços de que as empreiteiras vão precisar para que o comércio local se prepare para ter condições de atender as demandas. A intenção, segundo ele, é lançar esse caderno até novembro. “Além da questão do trânsito e dos acidentes, existe uma expectativa muito grande com o início das obras, pois elas vão movimentar a economia local e trazer desenvolvimento para toda a região. A nova rodovia vai transformar o Vale do Aço em vetor de desenvolvimento do estado.”

Araújo informou também que o movimento está criando núcleos regionais de acompanhamento dos trabalhos em cada um dos trechos das obras. O movimento, segundo ele, vai cobrar também do governo federal agilidade na conclusão da concorrência dos quatro lotes ainda pendentes.

A previsão é que a duplicação seja concluída dentro de dois anos e meio, se não houver atrasos. Ao todo, a obra vai custar aos cofres cerca de R$ 2,6 bilhões. O projeto prevê 205 quilômetros de pistas duplicadas, 17 pontes e 47 viadutos, cinco túneis, com 2.385 metros de extensão total, 20 passarelas, 99 paradas de ônibus e cerca de 83.300 metros de defensas.