Brasília – A polêmica sobre quem será o cabeça de chapa na aliança entre o PSB e a Rede e quais são os ganhos eleitorais herdados pelo presidente do partido socialista e governador de Pernambuco, Eduardo Campos, após a parceria com Marina Silva, reacendeu o questionamento sobre quanto vale o segundo posto em uma coligação. O tema é tão delicado que entre os principais pré-candidatos ao Planalto em 2014, apenas a presidente Dilma Rousseff sinaliza definição, e deve repetir a aliança com Michel Temer, do PMDB. Já a chapa do tucano Aécio Neves segue indefinida.
O debate atual envolve a aliança de Marina e Eduardo. Para o vice-presidente do PSB, Roberto Amaral, a entrada da ex-senadora na chapa traz para o campo dos socialistas o discurso ambiental, que sempre ficou em segundo plano nos debates programáticos, além de aumentar a influência da candidatura no eleitorado urbano. “Não podemos esquecer que Marina também representa o eleitor que não está satisfeito com o modo atual de fazer política”, completou Amaral.
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PSDB avalia que é cedo para discutir nome do vice de Aécio NevesDilma venceria 1º turno contra Aécio e Campos, revela pesquisaO senador assegura que tem conversado com possíveis eleitores da Rede que estão desiludidos com a decisão de Marina e não pretendem votar em um candidato que não conhecem. Raupp lembra que, no caso do PMDB, a decisão da presidente Dilma em compor uma chapa com Michel Temer agregou votos à petista, mas de maneira indireta. “O PMDB é o partido com maior capilaridade no país, com o maior número de prefeitos e o maior número de vereadores, potenciais cabos eleitorais”, reforçou. Pesou também na aliança PT-PMDB a preocupação com a governabilidade. Por ter sido duas vezes presidente da Câmara, Temer era enxergado pelos petistas como alguém estratégico para as articulações com a Câmara e com a maior legenda do Congresso.
Mensalão
No caso da campanha presidencial de Luiz Inácio Lula da Silva em 2002, a escolha de José Alencar foi fundamental para acalmar o setor produtivo do país, que ficou em alerta com a iminente chegada ao poder do ex-sindicalista. No entanto, devido ao desgaste sofrido com o mensalão, Lula chegou a cogitar, em 2006, a aliança com o PMDB. Mas continuou com Alencar, a quem até hoje se refere como o melhor vice que alguém poderia ter.
“Duvido que, no mundo, exista alguém que tenha tido um vice-presidente da qualidade do que eu tive”, afirmou na terça-feira da semana passada, durante a filiação de Josué Gomes — filho de Alencar — ao PMDB. “Escolher Alencar foi bom para Lula e para o país, um sinal de que o PT não colocaria fogo no circo”, disse o senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP).
Fernando Henrique Cardoso, antecessor de Lula, também escolheu o vice, o pernambucano Marco Maciel (ex-PFL, hoje no DEM), por uma questão específica: trabalhar a candidatura perante o eleitorado nordestino.
Os vices desde a redemocratização
1985-1989
Presidente: Tancredo Neves
Vice: José Sarney
Tancredo passou mal na véspera da posse, morreu em 21 de abril e Sarney assumiu a Presidência da República
1990-1994
Presidente: Fernando Collor de Mello
Vice: Itamar Franco
Collor sofreu o impeachment em 1992 e Itamar foi alçado ao Planalto
1995-2002
Presidente: Fernando Henrique Cardoso
Vice: Marco Maciel
A escolha do pernambucano Marco Maciel, do PFL, foi importante para o PSDB ganhar capilaridade no Nordeste
2003-2010
Presidente: Luiz Inácio Lula da Silva
Vice: José Alencar
Alencar fez a ponte com o empresariado e tranquilizou o setor produtivo quanto à eleição do petista
2011-atualmente
Presidente: Dilma Rousseff
Vice: Michel Temer
Dilma escolheu Michel Temer, do PMDB, em busca de governabilidade