Ao se reunir com a bancada tucana na Câmara dos Deputados nessa quarta-feira, o presidente do PSDB, senador Aécio Neves (MG), ironizou o comentário da presidente Dilma Rousseff de que os candidatos à Presidência precisam estudar, e aproximou o próprio discurso ao de Marina Silva (PSB) e Eduardo Campos (PSB). O encontro serviu para que o grupo elaborasse estratégias da campanha do senador à sucessão de Dilma e consolidar o apoio dos parlamentares ao projeto, principalmente daqueles que ainda não se convenceram de que ele será a opção do partido.
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Aécio larga na frente em Minas, aponta pesquisaAécio entra em cena e veta palanque duplo para CamposDilma não lidera base, é conduzida por ela, diz Aécio NevesSerra faz coro a Marina e critica política econômicaComissão do Senado aprova diplomata indicado para embaixada na VenezuelaAlém de responder a Dilma no mesmo tom usado por Marina, Aécio comparou as próprias ideias às da dupla do PSB. “Vejo que há uma aproximação do discurso da Marina com aquilo que o PSDB vem pregando. Eles perceberam agora que é um governo que caminha para seu encerramento, que fracassou”, comentou o senador. Ele chegou a dizer que, assim como sempre repete a ex-senadora Marina Silva, também “condena a polarização” PT-PSDB nas disputas presidenciais. “É mais um ponto de convergência e de identidade. O PT sempre apostou na polarização para levar a discussão ao passado, para uma discussão de legados. Nós sempre estimulamos a candidatura de Eduardo (Campos) para ampliar o debate”, destacou.
Campanha
A reunião com a bancada federal do PSDB era uma antiga reivindicação dos parlamentares, que viam o comando da legenda distante de alguns assuntos regionais. No encontro, os deputados puderam sugerir estratégias para a campanha. O objetivo do presidente seria elaborar 10 temas claros para que o partido defendesse aberta e insistentemente a partir de agora. O próprio Aécio adiantou alguns temas que devem ser priorizados, como as críticas à gestão petista, o resgate de investidores para o país e o destaque dos “êxitos das experiências” do partido no passado.
“Nossa prioridade é uma reconexão com setores importantes da sociedade brasileira que já estiveram muito próximos do PSDB, como os liberais e a população de baixa renda. Vamos nos contrapor à política paternalista do governo, promovendo o esforço ao empreendendorismo e à produção”, disse Aécio.
O discurso “para a frente”, como citaram deputados que ouviram Aécio, já teve efeitos. Na bancada, diz-se que o apoio ao ex-governador de São Paulo José Serra torna-se cada vez mais inexpressivo. “Foi um recado preciso de um líder tentando dar um gás em sua tropa e que funcionou”, comentou um tucano.