Ao longo da palestra, Serra, que atuou como deputado na Constituinte, pontuou algumas "virtudes" conquistadas com a Carta Magna de 1988. "A concepção do Sistema Único de Saúde, sem dúvida nenhuma, acho que foi um avanço. O SUS só começou a ser implantado cinco anos depois no governo Itamar", afirmou. No campo político, Serra lembrou que na Carta foi inserida a possibilidade da realização do segundo turno para as eleições à presidência da República, aos governos estaduais e municipais.
O ex-governador paulista citou, em contrapartida, como um dos principais problemas da Constituição a "prolixidade". "Eu poderia contar o número de dispositivos da Constituição. Não consegui. Fiquei com preguiça de ficar contando. Deve passar de dois mil. Muito deles típicos de leis ordinárias, decretos, declaração de intenção", afirmou.
Serra criticou ainda os interesses corporativos que teriam contaminado a discussão na Constituinte. "Os principais interesses corporativos que foram cravados na Constituição não foram na área privada. Teve um que foi fenomenal. Quem tinha mais de cinco anos de emprego no setor público, mesmo sem concurso, ganhou estabilidade. Virou uma maravilha", ironizou.