Preocupados com a inesperada aliança entre a ex-ministra do Meio Ambiente Marina Silva e o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), e com as recentes pesquisas eleitorais de opinião, os tucanos já traçam estratégias na tentativa de virar o jogo. Na última quarta-feira, em encontro que durou mais de duas horas, o presidente do partido e senador Aécio Neves (MG) tratou de listar temas com a bancada do PSDB na Câmara e conversou sobre possíveis alianças para compor a chapa da sigla nas eleições do ano que vem. Uma das estratégias do principal partido de oposição ao governo Dilma é atrair legendas que estão insatisfeitas com a administração petista.
Conversas
Na frente da oposição, as conversas dos tucanos com os democratas e com os integrantes do recém-criado Solidariedade, liderado pelo deputado Paulo Pereira da Silva, o Paulinho da Força (ex-PDT-SP), estão avançadas, mas as legendas também exigem sua contrapartida nos estados para embarcar na candidatura tucana. Com uma bancada federal cada vez menor a cada eleição e depois de ter perdido parlamentares, e com eles parte do tempo no horário eleitoral gratuito, os democratas querem garantir participação nas chapas majoritárias (governo e Senado) , o que sempre ajuda a eleger deputados.
Completariam a lista das legendas mais próximas ao PSDB o PPS, que também mantém oposição ao Planalto, e o PV, considerado independente. O PPS ainda não bateu o martelo sobre com quem vai caminhar na disputa pelo Palácio do Planalto, em 2014, mas com certeza não estará ao lado da presidente Dilma Rousseff, a quem faz oposição ferrenha. O partido vinha cortejando a ex-senadora Marina Silva (AC), mas a entrada dela no PSB de Eduardo Campos atrapalhou os planos do PPS.
A disputa por apoio é importante para se conseguir mais tempo de TV e rádio, por exemplo. Com ampla maioria de apoio das siglas, o PT terá à sua disposição grande parte dos 60 minutos diários de propaganda. Atraindo novas legendas para a base tucana, Aécio teria mais tempo na televisão.
O presidente do diretório do PSDB em Minas Gerais, deputado Marcus Pestana, lembra que ainda é cedo para cravar qualquer cenário. “Tudo depende de como a Dilma vai estar na economia, por exemplo, e dos palanques estaduais que serão formados. Uma das qualidades do Aécio é saber administrar o tempo muito bem (...). Na política, nunca se fecha uma porta e nunca se diz não. Todo o apoio é bem-vindo”, acredita. (Colaborou Alessandra Mello)
Nem tão disponível
O ex-governador de São Paulo José Serra disse ontem que está à disposição do PSDB “para o que der e vier”. Porém, questionado se isso implica aceitar a recomendação do partido de sair candidato a deputado federal – como é o desejo da sigla, para arrastar outros candidatos à Câmara com sua larga votação –, ele não demonstrou estar tão disponível. “Uma coisa é para o que der e vier, outra é se conviria do ponto de vista político ou não. Acho muito prematuro ficar analisando isso”. Sobre disputar o Senado, Serra disse que também não está “pensando nisso”. Embora esteja percorrendo o país fazendo palestras e críticas à política econômica do governo federal, Serra negou que esteja em ritmo de campanha e a vontade de ser o candidato do PSDB para enfrentar a presidente Dilma Rousseff nas urnas.