A Comissão Municipal da Verdade de São Paulo fez um pedido formal à Justiça de Belo Horizonte para que autorize a exumação do corpo do motorista do ex-presidente Juscelino Kubitschek Geraldo Ribeiro, enterrado no Cemitério da Saudade, Região Noroeste da capital. A entidade argumenta que há diversos aspectos não esclarecidos e incongruências na versão oficial sobre a morte de JK.
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ALMG reforça pedido de nova perícia na morte de JKComissão pretende ouvir jornalista sobre caso JKMotorista envolvido na morte de JK diz que foi chantageadoMotorista cita oferta de dinheiro no caso JKMorte de JK foi causada por acidente, conclui Comissão Nacional da Verdade Justiça determina que parentes de motorista de JK sejam ouvidos antes de exumaçãoCresce suspeita de fraude na autópsia de JKMorte de JK: Ex-motorista de ônibus diz que foi vítima de armaçãoAssembleia vai ouvir motorista do caso JKNo fim de setembro o presidente da Comissão da Verdade de São Paulo, vereador Gilberto Natalini (PV) se reuniu com o secretário de Defesa Social de Minas Gerais, Rômulo Ferraz, para pedir que nova perícia fosse feita no fragmento metálico que foi encontrado no crânio do motorista Geraldo Ribeiro e também em seu corpo. O secretário determinou que a Polícia Civil fizesse uma busca em seus arquivos para que o metal fosse novamente periciado e informou que um pedido judicial deveria ser feito para que nova exumação pudesse ser viabilizada.
JK morreu em um acidente automobilístico controverso, na Rodovia Presidente Dutra, em Resende, no Rio de Janeiro. Segundo a versão oficial, um ônibus teria fechado o Opala em que viajava o ex-presidente quando ele seguia do Rio para São Paulo, no km 165 da rodovia. O motorista do ônibus, Josias Nunes de Oliveira, disse recentemente em depoimento à comissão paulistana que, após o acidente, recebeu a visita de dois homens em uma motocicleta, que lhe ofereceram uma mala de dinheiro para que assumisse a autoria do acidente.
A carta
Datada de 28 de agosto de 1975, a carta citada pela Comissão da Verdade de São Paulo trata da preocupação de um homem forte de Pinochet, Manuel Contreras, com a possível vitória nos Estados Unidos de Jimmy Carter do Partido Democrata na eleição presidencial de novembro de 1976, após a renúncia de Richard Nixon em 1974, com o escândalo de Watergate. Contreras diz a Figueiredo que compartilha de sua preocupação sobre a eleição norte-americana e afirma ter conhecimento do reiterado apoio dos democratas americanos a JK e ao chileno Letelier. JK morreu em 22 de agosto de 1976, praticamente um ano depois da data da carta, Letelier morreu assassinado nos Estados Unidos em 21 de setembro de 1976, por cubanos ligados a polícia secreta chilena. O plano proposto, Contreras diz na carta, seria “coordenar ações” contra certas autoridades e políticos conhecidos socialdemocratas da América Latina e da Europa.
No depoimento de Serafim Jardim à Comissão paulistana, ele afirma ter certeza de que JK foi assassinado. ”Eu viajava com ele e escutava muito dele com relação a ‘estão querendo me matar’. Inclusive, em 7 de agosto, correu o boato que ele tinha morrido num acidente de carro, um boato muito bem colocado”, disse o ex-secretário. Ele disse também que recebeu uma carta de “uma violência total” quando reabriu o caso da morte de Juscelino, assinada por 52 oficiais das Forças Armadas denominado “O Grupo Inconfidente”.