Jornal Estado de Minas

PMDB de Minas planeja lançar candidatura ao Palácio da Liberdade

União entre PMDB e PT não se consolidou como previsto

Juliana Cipriani
"Pelo tamanho do PMDB, acho que ele deve ter candidatura própria e é para isto que estamos trabalhando" - Antônio Andrade (PMDB), ministro da Agricultura - Foto: valter campanato/abr - 16/3/13 A união entre PT e PMDB em Minas Gerais para formar uma chapa de oposição na disputa pelo Palácio da Liberdade não será tão fácil quanto era esperado pelo PT. Ao contrário de uma adesão à candidatura do ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel (PT), de imediato, como quer o PT, o PMDB de Minas fala em lançar um nome ao Palácio da Liberdade para só em um eventual segundo turno apoiar ou ser apoiado. Já os petistas querem o apoio desde o início para concorrerem como cabeças de chapa.


Não está nada fechado com o PT mineiro, garante o presidente do PMDB de Minas e ministro da Agricultura, Antônio Andrade. “Pelo tamanho do PMDB, acho que ele deve ter candidatura própria e é para isso que estamos trabalhando”, afirmou. Segundo Andrade, a possibilidade de os dois partidos estarem juntos é grande, já que PT e PMDB são muito próximos em Minas formam um bloco de oposição na Assembleia. “O que não quer dizer que estejamos compostos ainda para o governo, tem muito tempo. Se houver candidaturas independentes, um ou outro apoia quem for para o segundo turno. Se forem ambos, melhor ainda”, afirmou Andrade.
Embora tenha se cogitado que a filiação do filho de José Alencar, o empresário Josué Gomes, ao PMDB fosse um indício de que ele concorreria ao governo, o ministro Antônio Andrade afirmou que o nome para disputar o Palácio da Liberdade é o do senador Clésio Andrade. Josué concorreria ao Senado. Em Minas, os dois partidos lançaram candidaturas conjuntas nas últimas disputas, mas sem sucesso eleitoral.

Segundo um dos articuladores políticos do PMDB no estado, Aloisio Vasconcelos, o sentimento entre a militância do PMDB é pela candidatura própria, discurso que vem sendo repetido pelo interior do estado. “O PMDB é um dos poucos que têm pontos alavancados para programa de governo. Se você fizer uma pesquisa dentro do partido vai encontrar um anseio grande pela candidatura própria”, disse.

Vasconcelos admite, porém, que um acerto nacional pode levar o partido a uma aliança já em primeiro turno com o PT. “Nesse caso, o PMDB terá de ficar com as vagas de vice-governador e senador. “Menos do que isso não está à altura do PMDB. Somos um partido bem organizado, com quase 500 diretórios no estado e fortes bancadas”, avalia. Nos bastidores, porém, estaria havendo uma disputa interna entre Clésio e Antônio Andrade pela vaga de vice na chapa petista.

O presidente do PT em Minas Gerais, deputado federal Reginaldo Lopes, disse não ver dificuldade em ter dois palanques aliados à presidente Dilma Rousseff (PT) no estado, mas defende que a união em primeiro turno pode ser melhor para a oposição vencer a eleição para o governo. “Com palanque único as chances de vencer no primeiro turno aumentam. Tendo dois turnos pode dificultar um pouco mais”, afirmou. Caso o PMDB resolva aderir à candidatura petista, Lopes afirma que não há problema em ceder as vagas de vice-governador e senador, como querem os peemedebistas. O dirigente petista lembra que, por um arranjo nacional, o PT apoiou a candidatura de Hélio Costa ao governo em 2010 e agora espera retribuição. “Naquele arranjo era natural o PT apoiar o PMDB, a primazia era do Hélio Costa. Agora o natural é o PMDB apoiar o PT e trabalhar em um palanque único”, disse.

Desavenças nos estados

PT e PMDB enfrentam dificuldades para se unir nas eleições para os governos de pelo menos 10 estados, como mostrou reportagem de ontem do Estado de Minas. No Rio de Janeiro, Ceará, Maranhão, Alagoas, Bahia, Amapá, Pará, Mato Grosso do Sul, Tocantins e Amazonas, o PT demonstra dificuldade em apoiar candidatos do PMDB. O quadro pode causar uma rebelião nos diretórios peemedebistas, que podem organizar convenções no início do ano que vem para avaliar outros cenários. A rebelião pode dificultar um acordo nacional que reconduza o vice-presidente Michel Temer ao cargo na chapa da presidente Dilma Rousseff (PT) para concorrer à reeleição.