O governador de Pernambuco e virtual candidato à Presidência da República, Eduardo Campos (PSB), lamentou o resultado do leilão do campo de Libra, na bacia de Santos (SP), realizado ontem na cidade do Rio de Janeiro. O consórcio vencedor foi o formado pela Petrobras (40%) pela anglo-holandesa Shell (20%), pela francesa Total (20%) e pelas chinesas CNPC (10%) e CNOOC (10%). “Acho que todos brasileiros e brasileiras viram com muita decepção, ontem, uma área gigante do pré-sal, o campo de Libra, ser leiloado pelo preço mínimo e sob um processo pouco debatido com a sociedade”, declarou o socialista em seu perfil no Facebook na manhã desta terça-feira (22).
O governador de Pernambuco ainda criticou o modelo de disputa adotado pelo governo federal. “Espero, agora, que o plano de exploração da reserva de Libra seja apresentado, inclusive o plano de negócio para que a gente possa saber quando é que vai ser feita essa exploração e em que condições será feita a questão ambiental. Porque não é singelo explorar petróleo a mais de 5 mil metros. A gente precisa ter segurança que a tecnologia a ser utilizada garantirá que o Brasil, além dos prejuízos claros que teve no processo de venda, também não seja vítima de um desastre ambiental de proporções imprevisíveis.”
“Surpresa” no mercado financeiro
A estreia do modelo de partilha, criado para as novas áreas do pré-sal, surpreendeu analistas e investidores, que esperavam competição entre a parceira da estatal brasileira com as companhias asiáticas e um grupo encabeçado pelas europeias. Com o arranjo final, a Petrobras, operadora compulsória do campo com participação garantida de 30%, elevou a sua participação para 40%.
A exploração do campo de Libra deve elevar substancialmente as reservas nacionais de petróleo, atualmente de 15,3 bilhões, acrescentando mais 8 bilhões a 12 bilhões. Esse acréscimo poderá fazer o país saltar da 11ª colocação entre os produtores mundiais de petróleo para a terceira quando alcançar o auge da produção na área, com picos de 1,4 milhão de barris diários, em 2025.
Com o único envelope aberto na tarde de ontem, durante cerimônia de 40 minutos realizada pela Agência Nacional do Petróleo (ANP) em um hotel do Rio de Janeiro, a maior reserva petrolífera já descoberta no país foi arrematada sem ágio, pelo percentual mínimo de 41,65% em volumes separados à União. Apesar disso, as autoridades presentes aplaudiram o resultado e o contrato de 35 anos será assinado em um mês, quando o consórcio vencedor vai pagar R$ 15 bilhões em bônus ao caixa do governo. Nesse esforço inicial, a Petrobras terá de desembolsar R$ 9 bilhões.