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Estado de Minas

Maioria dos distritos de Minas não pode virar municípios

Pequenas e dependentes, 64% das cidades do estado não têm população mínima para ostentar o título de município, segundo critérios de emancipação de projeto aprovado no Congresso


postado em 28/10/2013 00:12 / atualizado em 28/10/2013 07:11

Para o prefeito de Patis, a emancipação facilitou ao antigo distrito a inclusão em programas como o Lares Geraes, de habitação popular, do governo de Minas (foto: Wellington Pedro/Imprensa MG)
Para o prefeito de Patis, a emancipação facilitou ao antigo distrito a inclusão em programas como o Lares Geraes, de habitação popular, do governo de Minas (foto: Wellington Pedro/Imprensa MG)

A pequena Patis, de 5.846 habitantes, se tornou município do Norte de Minas na última onda de emancipações, em 1996, quando deixou de ser distrito de Mirabela, que, por sua vez, foi distrito de Montes Claros até 1963. Se os critérios para emancipação aprovados pelo Congresso valessem naquele época, Patis ainda seria distrito. Essa é a realidade de 547 (64%) das 853 cidades mineiras, que não poderiam ostentar o status de município por não atingir o número mínimo de 12 mil habitantes previsto no projeto de lei aprovado no dia 16 pelo Senado, que aguarda sanção da presidente Dilma Rousseff (PT).


“É nítida a mudança desde que passamos de distrito para município”, afirma o prefeito de Patis, Vinícius Versiane (PMDB), que argumenta que por mais difícil que seja administrar a cidade, que tem o Fundo de Participação dos Municípios (FPM) como fonte de renda praticamente exclusiva, os habitantes vivem melhor atualmente do que quando moravam no distrito de Mirabela. “Melhorou em todos os itens. Quando o governo federal ou estadual lançam uma política pública, por exemplo, nós podemos participar”, explica ele. Em 2010, o governador Antonio Anastasia entregou 50 casas do Conjunto Habitacional Progresso, na cidade. A lógica de Versiane é que se a cidade ainda fosse distrito dependeria da boa vontade do prefeito para contemplar a localidade com os benefícios de programas governamentais, como os que entregam máquinas e tratores, constroem creches e postos de saúde.

Viabilidade econômica

Outro critério estabelecido pelo projeto é que o distrito que aspira a virar cidade deve ter arrecadação superior à média de 10% dos atuais municípios do estado. O prefeito de Mirabela, Carlúcio Mendes Leite (PSB), como presidente da Associação dos Municípios da Área Mineira da Sudene (Amans), lidera um grupo de 73 gestores municipais que reivindicam o aumento do repasse do FPM, e ameaçam entrar em greve para chamar a atenção do governo federal. Carlúcio alega que as cidades não têm dinheiro para realizar investimentos. “Dependemos de convênios para tudo. Para não fechar no vermelho temos que cortar os investimentos em saúde e educação. Não tem de onde mais tirar”, alega o prefeito.


Mesmo com as dificuldades, Carlúcio garante que os distritos emancipados ainda vivem melhor do que antes. Ele foi eleito prefeito de Mirabela pela quarta vez e estava no poder quando Patis foi emancipada. “O município (Mirabela) não tinha condição de bancar Patis com suas próprias pernas”, alega o prefeito. Mirabela tem 13 mil habitantes e passaria raspando nos novos critérios que estabelecem número mínimo de habitantes por cidade, dependendo da região do país: 12 mil habitantes no Sul e Sudeste; 8,5 mil no Nordeste, e 6 mil no Centro-Oeste e Norte.


Segundo o projeto de lei, o processo de emancipação começa nas assembleias legislativas, que recebem o pedido de criação assinado por pelo menos 20% dos eleitores do distrito e fica responsável por fazer um estudo de viabilidade econômica, ambiental e política do novo município, que deve ser apreciado pelos deputados. Se o pedido for aprovado pelo Legislativo estadual, é feito um plebiscito com a população do distrito interessado em se emancipar e a do município ao qual o distrito pertence.


O presidente da Associação Mineira de Municípios (AMM) e prefeito de Barbacena, Toninho Andrada (PSDB), observa que como nenhuma legislação tem efeito retroativo não há risco de as cidades voltarem ao patamar de distrito e se diz satisfeito com a nova lei. “É a primeira vez na história do país que o assunto é tratado de forma técnica, e não política”, avalia. Para Andrada, é equivocada a análise de que os municípios de pequeno porte, maioria em Minas Gerais, dependem dos repasses do governo federal. “A União se apropria do dinheiro que deveria estar nas cidades. É inviável que ela concentre 70% de todo o dinheiro. O cidadão mora é no município”, argumenta.

Mais 11

Com as novas regras em Minas Gerais, 11 distritos atingem o primeiro critério – mais de 12 mil habitantes – para se emancipar. Em Belo Horizonte, poderiam virar cidade as regiões do Barreiro e Venda Nova. Estão na mesma situação Barra Alegre (Ipatinga), Carvalho de Brito (Sabará), Justinópolis (Ribeirão das Neves), Lagoa de Santo Antônio (Pedro Leopoldo), Melo Viana (Esmeraldas), Parque Durval de Barros (Ibirité), Parque Industrial (Contagem), São Benedito (Santa Luzia) e Senador Melo Viana (Coronel Fabriciano).


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