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A ex-ministra do Meio Ambiente Marina Silva tem mantido um discurso duro em relação ao que define como a prática de lotear cargos em troca de apoio no Congresso. Ela defende que é possível governar o País sem uma base de apoio formada nos moldes políticos tradicionais, desde que haja o apoio da população.
Depois da aliança, formalizada no último dia 5, o governador de Pernambuco e provável candidato à Presidência, Eduardo Campos, incorporou o discurso de Marina e também tem atacado o modelo de distribuição de cargos a aliados políticos. Na prática, porém, o governo de Pernambuco abriga 14 partidos em sua base e não viu problemas em colocar na sua administração pessoas que o ajudaram nas eleições de 2006 e 2010.
O PSB também fazia parte da base aliada do governo da presidente Dilma Rousseff (PT) até meados de setembro e só decidiu entregar os cargos para poder articular, com menos constrangimento, a candidatura própria ao Palácio do Planalto.
Para o secretário-geral do PSB, Carlos Siqueira, um dos responsáveis por preparar o documento que será apresentado nesta segunda-feira, 28, a forma de conquistar a maioria para poder governar, por meio da distribuição de cargos a aliados, é um problema de todos os governos, que tem de ser amplamente discutido com a sociedade. “Para mudar isso, é preciso fazer uma reforma política de verdade”, defende.
Outros pontos
Bazileu Margarido, membro da Executiva da Rede, explica que o documento tem um caráter preliminar e será entregue aos cerca de 120 participantes para servir como ponto de partida para o debate. Além de pregar mudanças no sistema político, o texto destacará outros dois temas: a necessidade de o País avançar nas conquistas econômicas e sociais e a promoção do desenvolvimento sustentável.
Durante o encontro, as pessoas serão divididas em grupos para discutir as ideias contidas no documento. O evento, que será transmitido pela internet, também prevê a contribuição online de militantes.
O líder do PSB na Câmara, Beto Albuquerque (RS), afirma que o principal objetivo do encontro de hoje é traçar um panorama de quais desafios precisam ser enfrentados. “O principal deles é como fazer o Brasil voltar a crescer...”, opina, e, como para mostrar que já assimilou o discurso da Rede, completa: “De maneira sustentável”.
Até o final da tarde, o grupo pretende ter elaborado um novo memorando, que vai orientar a construção de um programa de governo para a eleição presidencial de 2014. O tom do documento deve repetir o do discurso que Campos e Marina têm adotado: o de que é preciso dar início a um novo ciclo na política, sem abrir mão da estabilidade econômica criada por Fernando Henrique Cardoso (1995-2002) e da inclusão social iniciada por Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2010).
Sem polêmica
No encontro desta segunda-feira, 28, no entanto, ficarão de fora temas polêmicos, como a formação de palanques estaduais. Ainda em clima de lua de mel, integrantes da Rede e do PSB têm repetido que, por enquanto, há “mais convergências do que divergências” entre os dois grupos.
Para evitar atritos, Campos e Marina orientaram seus aliados a não comentar temas ligados à campanha. A dupla tem dito que o momento agora é de discutir ideias e que o debate eleitoral deve ser deixado para 2014. Até mesmo a decisão de quem será o candidato a presidente na chapa do PSB será tomada somente no ano que vem.
Entretanto, na última pesquisa Ibope/Estado, divulgada no dia 24, Marina aparece na frente de Campos: a ex-ministra chega a 21% das intenções de voto, e o governador atinge 10%.