Depois de enfrentar dificuldades para ajustar a base governista na Câmara Municipal no início do ano, o prefeito de Belo Horizonte, Marcio Lacerda (PSB), terá de passar por mais obstáculos para conseguir apoio no Legislativo, devido à nova configuração da Casa com as mudanças partidárias. O bloco “Avança BH”, criado na segunda-feira, composto por cinco parlamentares do PTdoB – quatro deles integrantes da Mesa Diretora – e dois do PRP, promete dar dor de cabeça a Lacerda. E a pressão já começou. O presidente da Câmara, vereador Léo Burguês (PTdoB), se reuniu ontem no início da tarde com os secretários de Assuntos Institucionais, Marcelo Abi-Saber e de Governo, Josué Valadão, em nome do bloco, para reivindicar o apoio da prefeitura a projetos de interesse da bancada, que vai lançar três vereadores nas eleições do ano que vem.
O prefeito ainda perdeu dois aliados. O vereador Dr. Nilton deixou o PSB e se filiou ao PROS devido a divergências com Lacerda que culminaram nas articulações do projeto de reajuste dos servidores municipais. O vereador Juninho Los Hermanos e Dr. Sandro também foram para o PROS. O primeiro saiu do PRB, que era da base governista e o segundo do PCdoB, que é oposição. Segundo o vereador Dr. Nilton, eles ainda não se reuniram para definir de que lado ficarão, mas, inicialmente, o parlamentar afirmou que são independentes. Nos bastidores, no entanto, a informação é de que eles tendem a se unir à oposição. Se isso acontecer, a bancada contrária a Lacerda será composta por 11 vereadores: seis do PT, um do PMDB, um do PCdoB e três do PROS.
Em resposta a essas mudanças, o governo municipal já se articulou na Câmara. Uma frente parlamentar aliada a Lacerda foi criada ontem, com oito integrantes: Henrique Braga (PSDB), Leonardo Mattos (PV), Wellington Magalhães (PTN), Elaine Matozinhos (PTB), Juliano Lopes (SDD), Bim da Ambulância (PTN), Elvis Côrtes (PSDC) e Autair Gomes (PSC). O último, será o líder. O curioso, é que o nome escolhido para essa frente é o mesmo do formado pelo PTdoB e PRP, “Avança BH”. Eles também se reuniram ontem com o Secretário de Governo, Josué Valadão, já no fim da tarde.
A criação dessa frente seria mais uma estratégia de Lacerda de manter a sua base governista alinhada. O prefeito saiu enfraquecido das eleições para a Mesa Diretora no início do ano depois de o grupo que apoiou ter perdido a disputa. Foi necessário ele distribuir cargos e escolher de dentro do grupo o líder de governo, que é o vereador Preto (DEM). Mesmo com essas movimentações, Lacerda ainda enfrentou rebeliões dentro da sua base, inclusive entre os vereadores do seu partido, que se rebelaram por mais indicações na PBH. Somente no fim do primeiro semestre ele começou a sentir mais calmaria na Casa, que durou pouco.
Com a aproximação das eleições – 17 dos 41 vereadores devem disputar vagas na Assembleia e na Câmara dos Deputados – a tendência é que aumente ainda mais a pressão sobre o prefeito. Os candidatos recorrem ao governo municipal para a liberação de obras e projetos de lei relacionadas às suas bases eleitorais. Em troca, dão apoio aos projetos do Executivo.
Troca-troca
Sete vereadores mudaram de partido para disputar o pleito ano que vem. Além de Dr. Nilton, Dr. Sandro e Juninho Los Hermanos que foram para o PROS; o presidente da Casa, Léo Burguês, deixou o PSDB e foi para o PTdoB; Gunda saiu do PSL e se filiou ao PRP; Juliano Lopes deixou o PSDC e foi para o Solidariedade; e Pablito saiu do PSDB e foi para o PV.