Acostumados com o tradicional traje terno e gravata, deputados, servidores e visitantes do Congresso Nacional encontram, desde essa terça-feira, jovens com roupas e linguajar descolados ao entrarem pela entrada principal do edifício. Até a sexta-feira, um grupo de 50 hackers participará, no Salão Branco, da maratona promovida pela Câmara, que oferece prêmios de R$ 5 mil para quem apresentar as melhores propostas. A premiação será paga pelo Sindicato dos Servidores do Poder Legislativo Federal e do Tribunal de Contas da União (Sindilegis).
De acordo com a Câmara, os hackers foram escolhidos entre 183 inscritos e, juntos, apresentaram 27 propostas de aplicativos. A Casa quer que os três programas ganhadores e outros avaliados pela comissão estejam no site da Câmara, disponíveis para acesso público, até o fim de novembro. A comissão julgadora é composta por nove integrantes, sendo um deputado: Paulo Pimenta (PT-RS). Ele diz que o evento deve aproximar a sociedade dos parlamentares e desmistificar a dificuldade de compreensão da população em relação aos trabalhos legislativos.
Pedro Marcun, 27 anos, é um dos participantes da maratona e um dos responsáveis por organizar o chamado Hackday da Transparência, data em que amigos se reúnem para passar o tempo desenvolvendo programas. Ele lembra que é preciso entender como funciona a política antes de desenvolver programas no âmbito do Legislativo. “Fazemos aplicativos para facilitar a vida do cidadão. Estamos aqui com esse objetivo”, afirma.
O rapaz critica algumas barreiras que impedem o livre acesso do usuário a informações, como a exigência de preenchimento de dados para chegar ao salário dos servidores da Câmara e do Senado. “Isso é uma meia transparência. É uma manobra que arrumaram para dificultar pesquisas.”