Se depender do governador Eduardo Campos (PSB), o confronto entre ele e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PSB) não vai acontecer nem tão cedo. Nessa quarta-feira, depois de saber sobre a divulgação de um vídeo no qual Lula, de forma entusiasmada, pede aos “companheiros” de Pernambuco que “aguardem”, porque ele estará no estado em breve, Eduardo minimizou. Lembrou que lideranças políticas apostaram no mesmo embate entre os dois na disputa municipal do Recife, em 2012, mas as previsões não se confirmaram.“Fiquem tranquilos. Eu tenho uma relação com o presidente Lula que vai além das questões conjunturais e eleitorais. E essa relação ficou inteiramente preservada em situações de palanques que não eram os mesmos. Nem por isso, nós deixamos de ter uma relação de grande respeito que continua viva”, afirmou Eduardo, referindo-se à campanha do ano passado, quando ele apoiou a candidatura de Geraldo Julio (PSB) contra a do senador Humberto Costa (PT). Na época, os petistas acreditavam que Lula viria ao estado para embalar a campanha de Humberto, mas ele não veio, nem tampouco a presidente Dilma Rousseff (PT).

Eduardo falou sobre o assunto após assinar ordem de serviço para requalificar trechos da BR-101, na sede provisória do governo de Pernambuco, no Centro de Convenções.
Pouco antes, um vídeo postado no YouTube mostrava mensagem de Lula gravada após homenagens no Congresso, na última terça. Ele assinava alguns autógrafos quando, de repente, sem que se ouvisse perguntas de terceiros, afirmou: “Queria dizer aos meus companheiros de Pernambuco que me aguardem. Logo estarei lá”.

As imagens duram cerca de 20 segundos e foram divulgadas depois de aliados conversarem com o ex-presidente e ouvirem relatos de que ele “moraria em Pernambuco” no próximo ano. A declaração animou os petistas e o grupo do senador Armando Monteiro Neto (PTB), que, de antemão, recebeu acenos positivos de Lula para concorrer ao governo do estado com seu apoio. Vale ressaltar, entretanto, que, em 2012, Lula gravou um vídeo para o lançamento da candidatura do senador Humberto Costa à Prefeitura do Recife, prometendo que viria a Pernambuco se estivesse bem de saúde, mas ele viajou para outros estados e não veio à capital pernambucana.

Humberto Costa terminou enfrentando uma disputa duríssima contra Geraldo Julio, apadrinhado de Eduardo, sem contar com a presença de caciques nacionais do PT. O próprio presidente nacional da sigla, Rui Falcão, veio ao estado uma vez e saiu de cena.
Humberto e seus aliados entenderam, inclusive, que o PT estadual foi sacrificado em nome da aliança no Congresso existente entre o PT e o PSB, presidido nacionalmente por Eduardo Campos. Aliança, contudo, que praticamente não existe mais com a postulação de Eduardo em concorrer à Presidência da República.

Confronto ideológico, mas sem endereço nas mensagens

Lula até agora não fez críticas diretas a Eduardo Campos e vice-versa. Mas, no dia 18, poucos dias depois de o governador se aliar a Marina Silva, o petista usou sua página no Facebook para pedir engajamento da militância na defesa do projeto petista.

No dia que Eduardo criticou o leilão de Libra – no dia 22 – classificando-o como “uma decepção”, Lula disse em sua Fanpage que “Pelo fato de estarmos entrando em um ano eleitoral, tem pessoas que têm vergonha de reconhecer os méritos do leilão de Libra”

No dia 23, Eduardo negou que Lula estivesse lhe respondendo através do Facebook. Uma semana depois, contudo, surge um vídeo na internet com Lula avisando “aos companheiros” que estará em Pernambuco em breve.

No dia 29, Lula disse que Marina Silva seria uma “sombra” de Eduardo e iria atrapalhar seu projeto político. Eduardo pediu tranquilidade, mas o líder do PSB no Senado, Rodrigo Rollemberg, respondeu: “para nós, Marina é sombra e água fresca”