São Paulo - As fraudes e a corrupção são "reais e um perigo presente no Brasil", avaliou nnesta quinta-feira o sócio da PricewaterhouseCoopers (PwC) Martin Whitehead, especialista da consultoria em investigações sobre os temas. "Eu trabalhei na África, achava que lá havia corrupção, mas aqui é mais, pois o tamanho é maior, o setor público é muito grande, muitas comissões são pagas e você precisa de licença e autorização para tudo", disse ele, durante o evento "Compliance: o desafio da conformidade à nova Lei Anticorrupção brasileira", organizado pela Fundação Dom Cabral, em São Paulo. Whitehead lembrou que a complexidade do sistema fiscal brasileiro facilita a corrupção no País.
O sócio da PwC elogiou a criação de várias legislações recentes anticorrupção em países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), como a lei brasileira (12.846/2013) deste ano, a do México (2012) e a de outros países como Chile, Índia, Indonésia e Rússia. "Quase todos os países da OCDE estão criminalizando a corrupção por conta da necessidade de ampliar o comércio."
Whitehead citou uma pesquisa de 2011, a qual aponta que o crime mais comum em companhias é a apropriação de ativos e avaliou que muitos clientes da consultoria estão "acordando" para as investigações e o monitoramento de fraudes internas, "especialmente na área de compras", onde há mais delitos segundo ele.
"Há softwares disponíveis para essa apuração", exemplificou. "O mapeamento de riscos é importante para prevenir e um programa interno de compliance, com uma due diligence, é fundamental porque auditorias externas não são suficientes para apontar fraudes", afirmou.